A DIVISÃO FAZ A FORÇA!
Por Ludovico Agrícola (*)
CARO LUDOVICO, não se deixe iludir pelo optimismo caudaloso de José Sócrates nem pela jucunda vacuidade de Passos Coelho, disse-me BMW. E acrescentou: Se não executarem a partitura nota à nota, o garrote financeiro esborracha-vos a maçã de Adão enquanto o diabo esfrega um olho.
BMW, ou Bretton Manning Woods, é o pseudónimo de um reputado técnico multi-disciplinar do FMI, membro da equipa de apoio à troika que veio a Lisboa tratar-nos da saúde. Viveu em Colares um bom par de anos, fala fluentemente português e admira tanto a campanha alegre de Eça de Queiroz como as cenas da vida diplomática de Lawrence Durrell.
Keynesiano fanático, BMW nasceu no dia (21/Abril/1946) em que o grande John Maynard (1,98 m) morreu. Detesta o Consenso de Washington e tem saudades do acordo de Bretton Woods. O outro apelido homenageia o jovem soldado raso Bradley Manning, hacker bostoniano que foi parar com os costados à cadeia de alta segurança de Quântico (Virgínia), por ter passado paletes de telegramas e vídeos confidenciais à WikiLeaks.
Aceitou sem pestanejar o papel de ‘garganta funda’ desde que também eu adoptasse um pseudónimo. Assim fiz: Ludovico Agrícola (dos Agrícolas de Trás-os-Montes). E aqui estou a servir de go-between. Mas avisei-o de que teríamos de ser espartanos porque só dispomos de três mil caracteres. Nada mau, replicou ele, tendo em conta que este país está a transformar-se numa república a pão e água para a grande maioria da população.
BMW disse-me do espanto que tem causado na troika a exuberância rubicunda de Eduardo Catroga, núncio de Cavaco na S. Caetano à Lapa e mentor programático de PPC. Espuma de raiva e parece apostado em imitar os Navy Seals da Team 6: capturar, matar e atirar ao mar José Sócrates como fizeram ao Bin Laden. Mas BMW inclina-se mais, com razão, para a figura do «portuguesinho valente», estilo «ó Evaristo tens cá disto» d’O Pátio das Cantigas. Insultam-se muito uns aos outros mas ninguém se magoa.
Também acharam graça ao facto de Mário Soares ter transformado Passos Coelho num melão a concurso. Disse MS, sobre as capacidades de PPC para ser PM: «É como os melões, só depois de aberto é que se sabe». Mas acrescentou que é um melão «muito sensato, lúcido e com um grande sentido de Estado». Sócrates amarinhou pelas paredes do Rato, mas disse aos seus camaradas que MS e o PSD vão ficar com um grande melão.
Perplexos ficaram ainda quando o presidente da CIP, António Saraiva, acusou o Governo de laxismo por conceder tolerância de ponto pascal, ao saberem que o patrão dos patrões também a concedeu aos seus funcionários para «ter ganhos em termos energéticos e de transportes» (sic). Mister Blue Eyes (FMI), tão imperturbável como um faquir numa cama de pregos, disse baixinho: Com patrões assim a direita portuguesa não vai longe.
Entretanto, PPC diz que não assina de cruz, não sabemos ao certo se Kaitanen garantirá o voto finlandês em Bruxelas, e o país ainda não ouviu todos os seus geniais ex-ministros das Finanças. A divisão faz a força!
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«Expresso» de 07/Maio/2011
(*) Ludovico Agrícola é um pseudónimo de Alfredo Barroso
CARO LUDOVICO, não se deixe iludir pelo optimismo caudaloso de José Sócrates nem pela jucunda vacuidade de Passos Coelho, disse-me BMW. E acrescentou: Se não executarem a partitura nota à nota, o garrote financeiro esborracha-vos a maçã de Adão enquanto o diabo esfrega um olho.
BMW, ou Bretton Manning Woods, é o pseudónimo de um reputado técnico multi-disciplinar do FMI, membro da equipa de apoio à troika que veio a Lisboa tratar-nos da saúde. Viveu em Colares um bom par de anos, fala fluentemente português e admira tanto a campanha alegre de Eça de Queiroz como as cenas da vida diplomática de Lawrence Durrell.
Keynesiano fanático, BMW nasceu no dia (21/Abril/1946) em que o grande John Maynard (1,98 m) morreu. Detesta o Consenso de Washington e tem saudades do acordo de Bretton Woods. O outro apelido homenageia o jovem soldado raso Bradley Manning, hacker bostoniano que foi parar com os costados à cadeia de alta segurança de Quântico (Virgínia), por ter passado paletes de telegramas e vídeos confidenciais à WikiLeaks.
Aceitou sem pestanejar o papel de ‘garganta funda’ desde que também eu adoptasse um pseudónimo. Assim fiz: Ludovico Agrícola (dos Agrícolas de Trás-os-Montes). E aqui estou a servir de go-between. Mas avisei-o de que teríamos de ser espartanos porque só dispomos de três mil caracteres. Nada mau, replicou ele, tendo em conta que este país está a transformar-se numa república a pão e água para a grande maioria da população.
BMW disse-me do espanto que tem causado na troika a exuberância rubicunda de Eduardo Catroga, núncio de Cavaco na S. Caetano à Lapa e mentor programático de PPC. Espuma de raiva e parece apostado em imitar os Navy Seals da Team 6: capturar, matar e atirar ao mar José Sócrates como fizeram ao Bin Laden. Mas BMW inclina-se mais, com razão, para a figura do «portuguesinho valente», estilo «ó Evaristo tens cá disto» d’O Pátio das Cantigas. Insultam-se muito uns aos outros mas ninguém se magoa.
Também acharam graça ao facto de Mário Soares ter transformado Passos Coelho num melão a concurso. Disse MS, sobre as capacidades de PPC para ser PM: «É como os melões, só depois de aberto é que se sabe». Mas acrescentou que é um melão «muito sensato, lúcido e com um grande sentido de Estado». Sócrates amarinhou pelas paredes do Rato, mas disse aos seus camaradas que MS e o PSD vão ficar com um grande melão.
Perplexos ficaram ainda quando o presidente da CIP, António Saraiva, acusou o Governo de laxismo por conceder tolerância de ponto pascal, ao saberem que o patrão dos patrões também a concedeu aos seus funcionários para «ter ganhos em termos energéticos e de transportes» (sic). Mister Blue Eyes (FMI), tão imperturbável como um faquir numa cama de pregos, disse baixinho: Com patrões assim a direita portuguesa não vai longe.
Entretanto, PPC diz que não assina de cruz, não sabemos ao certo se Kaitanen garantirá o voto finlandês em Bruxelas, e o país ainda não ouviu todos os seus geniais ex-ministros das Finanças. A divisão faz a força!
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«Expresso» de 07/Maio/2011
(*) Ludovico Agrícola é um pseudónimo de Alfredo Barroso
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