sábado, 15 de março de 2008

Um "governo com resultados"... maus

Por Alfredo Barroso
O MELHOR DESTE GOVERNO, até agora, é certamente aquilo de que Sócrates não pára de ufanar-se: uma redução rápida e brutal do défice do Orçamento do Estado, a par de um aumento pouco significativo da taxa de crescimento do PIB. Não sei se Sócrates também se regozija com o aumento vertiginoso das grandes fortunas, que se regista desde 2006. Mas a direita dos interesses e das negociatas, essa sim, está satisfeita. Não é por acaso que aplaude o Governo, embora nunca vote PS. Comparativamente com os anteriores Governos de direita, chefiados por Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, o actual Governo de direita, chefiado por José Sócrates, é seguramente muito mais eficaz. Então em matéria de arrogância e autoritarismo, pede meças…
O pior destes três anos de Governo está bem à vista: aumento do desemprego e da precariedade; diminuição substancial do poder de compra dos trabalhadores e dos reformados; subida vertiginosa das desigualdades sociais e alargamento do fosso salarial entre ricos e pobres; diminuição pouco significativa da pobreza extrema e aumento brutal da pobreza relativa, com empobrecimento crescente da classe média. Tudo isto, somado a enorme intransigência e a um profundo desprezo pelos sectores sociais e profissionais mais afectados pela crise, leva-me a concluir que, perante este balanço do Governo de Sócrates, o PS bem pode limpar as mãos à parede...
Não sou católico nem crente mas… Deus nos livre de mais maiorias absolutas, que com as maiorias relativas podemos nós bem. O problema de Sócrates é o de conseguir convencer um país exangue de que os resultados positivos desta austeridade brutal e a redistribuição dos frutos deste crescimento pindérico estão para breve. Sabemos bem que isso é falso, mas a mentira é hoje uma componente essencial do jogo político. E é bem provável que uma população em desespero ainda aceite iludir-se por mais algum tempo. Até ao momento em que a indignação extravase e a revolta rebente...
Depoimento prestado ao «Sol-online», em 11 de Março de 2008, por ocasião do 3.º aniversário do actual governo.

3 comentários:

navegadora disse...

Parabéns pela forma clara como expõe a realidade do nosso país.

É pena que a frontalidade com que escreve torne os seus textos pouco publicados...fazia falta mais "aragem" no meio do nevoeiro da informação.

Anónimo disse...

Portugal é isto. Há poucos que trabalham e muitos comentadores encartados. Isto é:ociosos e, naturalmente, atrevidos...

Anónimo disse...

COMENTADORES POLÍTICOS? São uma praga maior que os dito cujos...