tag:blogger.com,1999:blog-1338539651977819522024-03-19T11:00:52.504+00:00Traço GrossoOnde Alfredo Barroso divulga as crónicas que publicou no «DN-6ª»... mas não sóAlfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.comBlogger120125tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-10093324957193579432013-04-10T12:11:00.000+01:002013-04-10T12:11:09.696+01:00Na morte de Thatcher, amiga de Pinochet<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;"><b>MORREU </b>Margaret Thatcher, uma das principais responsáveis pela contra-revolução neoliberal que há mais de 30 anos vem devastando os regimes democráticos ocidentais, distorcendo a economia, tornando as sociedades democráticas cada vez mais desiguais, destruindo a coesão social, impondo o «casino da especulação monetária» e a ditadura dos mercados financeiros globais que hoje mandam em nós.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;">Morreu, além disso, a amiga de Pinochet, um dos ditadores mais sanguinários e corruptos da América Latina, que permitiu que o Chile se tornasse banco de ensaio das políticas ultraliberais preconizadas pela famigerada «escola de Chicago» e levadas a cabo pelos «Chicago boys», apadrinhados por Milton Friedman e Friederich von Hayek, figuras tutelares do pensamento de Margaret Thatcher, além da mercearia do pai.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;">Não faço esta acusação de ânimo leve. São factos conhecidos, designadamente a sua acendrada admiração por Augusto Pinochet, como se projectasse nele aquilo que ela desejaria impor, mas nunca poderia conseguir, na velha democracia inglesa. Há muitas fotos em que aparecem ambos sorridentes, lado a lado, quer quando o ditador estava no poder, quer quando o detiveram em Londres na sequência do pedido de extradição efectuado pelo juiz espanhol Baltazar Garzon, que o acusou de ser responsável, durante a ditadura, pelo assassínio e desaparecimento de vários cidadãos espanhóis.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;">Esta mulher a quem chamaram «dama de ferro», como poderiam ter chamado «de zinco» ou «de chumbo», nutria um profundo desprezo pelos grandes intelectuais ingleses do seu tempo, designadamente Aldous Huxley, John Maynard Keynes, Bertrand Russell, Virgínia Woolf e T. S. Eliot, conhecidos como o «círculo de Bloomsbury» (do nome do famoso bairro londrino de editores e livreiros e de boémia intelectual). A frustração dela perante o talento e a inteligência que irradiavam deles, e que ela não conseguia captar, levaram-na a considerá-los «intelectuais estouvados, que conduziram o Reino (Unido) pelos caminhos nada recomendáveis da segunda metade do século XX». Ao diabo as «literatices» da «clique de Bloomsbury», dizia ela. «O meu Bloomsbury foi Grantham» (onde o pai tinha a famosa mercearia) (…) Para compreender a economia de mercado, não há melhor escola do que a mercearia da esquina». Deve ser por isso que as mercearias estão a falir… </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;">Thatcher considerava «a distância entre ricos e pobres perfeitamente legítima» e proclamava «as virtudes da desigualdade social» como motor da economia. A verdade dos números é, no entanto, bastante diferente. Como salienta John Gray, um dos mais importantes pensadores contemporâneos, na Grã-Bretanha da chamada «dama de ferro» os níveis dos impostos e das despesas públicas eram tão ou mais altos, ao fim de 18 anos de governos conservadores, do que quando os trabalhistas deixaram o poder, em 1979. Ao mesmo tempo, nos EUA de Ronald Reagan, co-autor da «contra-revolução neoliberal», o mercado livre e desregulado destruiu a civilização de capitalismo liberal baseada no <i>New Deal</i> de Roosevelt, em que assentou a prosperidade do pós-guerra. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;">Convém dizer que John Gray, autor de vários livros editados em português, entre os quais <i>Falso Amanhecer (False Dawn),</i> chegou a ser uma das figuras dominantes do pensamento da chamada «Nova Direita», que teve uma grande influência nas políticas que Thatcher pôs em prática. Mas ficou desiludido e alarmado com as terríveis consequências dessas políticas e tornou-se um dos críticos mais lúcidos e implacáveis dos «mercados livres globais», cuja desregulação tem causado os efeitos mais perversos nas sociedades contemporâneas, provocando a desintegração social e o colapso de muitas economias. O capitalismo global parece funcionar, segundo Gray, de acordo com as regras da selecção natural, destruindo e eliminando os que não conseguem adaptar-se e recompensando, quase sempre de maneira desproporcionada, os que se adaptam com sucesso. Estas são, logicamente, as inevitáveis consequências do pensamento de Thatcher, ao pôr em prática «as virtudes da desigualdade social» como motor da economia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;">A pesada herança de Margaret Thatcher, tal como a de Ronald Reagan - adoptadas não apenas pela direita ultraliberal, mas também por uma certa esquerda neoliberal (Tony Blair, Gerhard Schröder e alguns discípulos da Europa do Sul, designadamente lusitanos) - é esta crise brutal em que a UE e os EUA estão mergulhados há já cinco anos. E o mais terrível é que é o pensamento dos principais responsáveis por esta crise que continua e prevalecer na maioria dos governos que prometem acabar com a crise através da austeridade, do empobrecimento dos cidadãos e do confisco dos seus direitos sociais. Thattcher foi um ser maléfico e não deixa saudades.</span> </div>
Lisboa, 8 de Abril de 2013
Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-72212586206630892402013-02-06T10:39:00.002+00:002013-02-06T10:39:39.720+00:00NÃO É CÓMODO SER DE ESQUERDA<!--[if gte mso 9]><xml>
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">O EURODEPUTADO</span></b><span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"> e famoso ex-ministro da Saúde de um governo do
PS, António Correia de Campos, escreveu no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Público</i>,
em 21 de Janeiro passado, que «o povo não come ideologia». Claro que não! Tal
como não come música, literatura, artes plásticas, cinema e muitas outras
coisas consideradas fúteis pelos economicistas de serviço. Ao contrário dos hamburgers
da McDonald’s, por exemplo… Ou dos bifes que a drª Isabel Jonet acusou o povo
de comer todos os dias, para ruína da pátria e da república… E quem não se
recorda daquele ministro de Berlusconi que se atreveu a contrariar jornalistas
que insistiam em falar-lhe de Cultura, dizendo que «a ‘Divina Comédia’ não
serve para comer porque com ela não podemos fazer sanduíches»?! </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">«O povo não come
ideologia» é uma frase muito batida, normalmente utilizada pela direita ou por
políticos oriundos da extrema-esquerda sempre em trânsito para a direita. É
característica do pragmatismo sem princípios que tomou conta dos partidos socialistas,
social-democratas e trabalhistas membros da Internacional Socialista, na última
década do século passado, a partir da fracassada Terceira Via teorizada por
Anthony Giddens e adoptada por Tony Blair, Gerhard Schroeder, António Guterres
e «tutti quanti» por essa Europa fora. No fundo, não passou de uma conversão
encapotada às delícias do neoliberalismo. Foi uma abdicação ideológica que os
tornou comparsas da direita e reforçou o «rotativismo» no poder, com as
mordomias que ele confere e os tachos que permite distribuir.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">«Ser de esquerda não
tem necessariamente de ser cómodo. Quase nunca é» - dizia João Martins Pereira,
uma referência ideológica para muitos da minha geração. E o que é uma
ideologia? Para não complicar as coisas, recorro a um dicionário bem conhecido,
o da Porto Editora, que reza assim sobre ideologia: «1. Sistema de ideias,
valores e princípios que definem uma determinada visão do mundo, fundamentando
e orientando a forma de agir de uma pessoa ou de um grupo social (partido político,
grupo religioso, etc.) 2. Estudo da origem e da formação das ideias».</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">Claro que há ideologias
boas e ideologias más, democráticas e totalitárias, pluralistas e intolerantes.
Mas, ao contrário do que costuma afirmar a direita (sempre demagógica até ao
tutano), não me parece que, em si mesmo, o conceito de ideologia seja um papão.
Nem uma sanduíche de Dante. Nem um bife à Isabel Jonet. Aliás, só um «prodígio
sem ossos» («boneless wonder», como chamava Churchill a alguns dos seus
adversários políticos) é que pode singrar na política sem qualquer quadro de
valores e princípios, sem uma visão do mundo que lhe sirva de referência,
caminhando aos ziguezagues, recorrendo à navegação de cabotagem por
incapacidade de se fazer ao largo e de correr riscos, definindo novos rumos e
tentando mudar o estado das coisas para que os cidadãos consigam viver melhor,
numa sociedade menos desigual, mais justa e mais solidária. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">Um «prodígio sem ossos»
não faz grandes ondas, provoca apenas uma ligeira ondulação enquanto aguarda
tranquilamente a sua vez para regressar ao poder. A Internacional Socialista
está cheia de «prodígios sem ossos» ansiosos por agradar a plutocratas,
banqueiros, grandes empresas e seus accionistas, gestores e patrões. A
Internacional Socialista está em crise profunda porque os partidos que dela
fazem parte cortaram as suas raízes históricas, abdicaram de ter um pensamento
próprio, autónomo, original, e julgaram erradamente que se renovavam
catrapiscando ideias e propostas dos seus adversários da direita neoliberal e
neoconservadora. Os resultados estão à vista. De facto, não é nada cómodo ser
de esquerda…</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">«Público»,
6 Fev 13 </span></div>
Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-51946619628277696142013-01-10T13:20:00.003+00:002013-01-10T13:20:27.524+00:00MOEDAS PELA BORDA FORA<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;"><b>O MOEDAS </b>regozija-se
com a ameaça de mais cortes, mais sofrimento e mais miséria inclusa num
relatório do FMI que acumula várias toneladas de barro atiradas à
parede da nossa desgraça. Este Moedas, mais do que insensível e
irresponsável, é o perfeito imbecil. E é a prova, a par de António
Borges, que o Goldman Sachs também contrata azémolas. Mas diga-se, sem
receio de errar, que tais criaturas fazem jus ao tom geral que
caracteriza este governo de fanáticos, incompetentes e hipócritas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;">As
alimárias que desgovernam o país já há muito que perderam qualquer
legitimidade para continuar no poleiro. Exercem hoje uma ignóbil
ditadura financeira de fachada democrática, tentando encobrir a
execrável germanofilia com um ridículo patriotismo de lapela. Como se já
não bastasse hastear a bandeira nacional de pernas para o ar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;">Atirem
o Moedas pela borda fora! - é o que dá vontade de gritar. Mas atirem
também o grande magarefe (Vitor Gaspar) e o seu megafone (Passos
Coelho). Atrás deles terão de ir todos os outros, a começar pelo
«professor doutor engenheiro» Miguel Relvas, vergonha do nosso ensino
privado. Mas cuidado quando chegarem à ministra Cristas, para não
atirarem fora o bebé dela com a água do banho. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;">Sinceramente,
já não há pachorra para as análises politicamente correctas a explicar
com pezinhos de lã que estas alimárias puseram o país a saque!</span></div>
Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-70486431529451288392013-01-09T09:15:00.003+00:002013-01-10T13:21:06.921+00:00ANÚNCIOS LUMINOSOS<!--[if gte mso 9]><xml>
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">LEMBRO-ME</span></b><span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"> de, quando era rapaz, ter
convencido um colega meu, oriundo de uma das colónias do Império, que Lisboa
tinha um clima temperado graças aos anúncios luminosos. Claro que ele não sabia
que o arquitecto Raul Lino era contra os anúncios luminosos nos Restauradores e
no Rossio, nem sabia, aliás, quem era Raul Lino.</span>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">É este um bom pretexto, caros leitores
friorentos, para vos dizer que, quando oiço Passos Coelho apanhado à má fila a
fazer uma daquelas declarações improvisadas em que debita inanidades num estilo
pomposo e com o lábio de cima esgalgado por um sorriso patético, lembro-me
sempre do meu crédulo colega de há mais de meio século. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">Hoje ouvi o nosso primeiro dizer, nessa postura
e de esposa ao lado, que os portugueses já podem vislumbrar uma luz ao fundo do
túnel. O sorriso dele até parecia escarninho – como se estivesse a gozar com o
pagode – mas na verdade não passava de um esgar inestético. Em todo o caso,
esperemos que a luz que ele já consegue lobrigar ao fundo do túnel não seja a de
um comboio rápido que se aproxima de nós a toda a velocidade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">Eu diria que o grande magarefe Vítor Gaspar
(corta verbas como quem corta carnes num talho) é quem convence o nosso
primeiro a fazer estes anúncios luminosos, tal como eu convenci o meu colega de
outrora sobre as virtudes meteorológicas desse tipo de anúncios em Lisboa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">De facto, o nosso primeiro parece ter deixado
os miolos no talho, para se tornar no megafone do grande magarefe. Mas, como os
anúncios nunca lhe iluminam o verbo, ele passa o tempo a desconversar e a
descarrilar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">7 Jan 13<span style="mso-spacerun: yes;">
</span></span></div>
Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-48991115474680644232013-01-08T09:11:00.000+00:002013-01-09T09:56:44.148+00:00PERITOS E ESPECIALISTAS<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;">Por Alfredo Barroso </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;"><b>«GOVERNO</b> tem 164 ‘especialistas’ a ganhar até 5.775 euros por mês» - titula o «i» na sua edição de hoje, 5 de Janeiro de 2013. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;"> O vazio aterrador do pensamento político
actual cria esta janela de oportunidade (e oportunismo) para a «muito
douta ignorância de peritos e especialistas que pretendem esclarecer os
responsáveis políticos e sociais» - como salienta Edgar Morin num texto
publicado há dias no «Le Monde». </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;">Trata-se e ‘peritos’ e ‘especialistas’
completamente incapazes de relacionar entre si e assimilar a enorme
quantidade de informações e conhecimentos que vão acumulando dia a dia, e
que por isso também são incapazes de formular uma visão integrada, de
conjunto, uma orientação coerente, um desígnio político, económico e
social que responda aos sérios problemas, dificuldades e desafios que a
realidade lhes impõe. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;">Em boa parte dos casos, trata-se de
‘especialistas’ que alimentam «a ilusão de uma saída da crise através da
economia neoliberal, que todavia foi a que produziu esta crise». Regra
geral, porém, não têm sequer competências para desempenhar as funções
para que foram, teoricamente, nomeados. No fundo, quase todos eles não
passam de penduras do poder, que vivem (e bem) à custa do cartão do
partido. É uma prática do «arco do poder» (e não apenas do «bloco
central»), nos seus três tons: cor-de-laranja azedo, azul cueca e
cor-de-rosa fanado. Entretanto, ganha-se bem na toca do Coelho… </span></div>
5 Jan 13Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-91122808253932669002013-01-07T09:06:00.003+00:002013-01-07T09:11:18.268+00:00SOBRE RADICALISMOS<!--[if gte mso 9]><xml>
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">O RADICAL</span></b><span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"> agressivo chama os
bois pelos nomes: se o destinatário do insulto é um filho da puta, chama-lhe
filho da puta! Já o radical chique tenta ser mais subtil: chama-lhe filho de
uma senhora sem cama certa! Só que uma senhora assim não é necessariamente uma
meretriz. Logo: está a ser feita uma generalização abusiva. Cuidado!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">Veja-se também a coisa pelo lado do pai, que pode ser homem de uma
só cama casado com mulher sem cama certa. Neste caso, o radical agressivo pode,
se for caso disso, insultar o filho do casal chamando-lher: filho de um
cornudo! Já o radical chique preferirá chamar-lhe: filho de um boi! Mas,
atenção: os bois não devem ser menosprezados, já que, como dizia Camilo, são
«ricos mananciais de bifes». Embora seja certo que D. Isabel Jonet acha que o
povo não pode estar a comê-los todos os dias. Em todo ocaso, ando agora a fazer
uma investigação para saber quando é que o povo os comia todos os dias. Será
que vou descobrir a existência de um radicalismo bovino?! </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">Todas estas considerações resultam do facto de eu ser considerado
um radical agressivo e nunca ter sido capaz de me tornar um radical chique. Até
porque nunca consegui, nunca quis ou nunca pude praticar o tal radicalismo
bovino que D. Jonet condena…</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">6 Jan 13</span></div>
Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-52014770928188261372013-01-04T09:21:00.004+00:002013-01-04T11:38:39.868+00:00 «REMOVIDO» DA SIC NOTÍCIAS<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Arial Black; font-size: small;"><span style="color: blue; font-family: "Arial Black"; font-size: 12.0pt;"><span style="font-size: small;">C</span>aros amigos (poucos), simpatizantes (alguns) e conhecidos (muitos),</span></span><br />
<span style="color: white;"><span style="background-color: white;">. </span></span><br />
<span style="color: blue; font-family: Arial Black; font-size: small;"><span style="color: blue; font-family: "Arial Black"; font-size: 12.0pt;"><b>CUMPRO</b> o
«doloroso dever» de participar – para gáudio de quem detesta as minhas
opiniões e não me pode ver nem pintado – que fui, no dia 2, «removido»,
por telefone, do programa «Frente-a-Frente» da SIC Notícias, no qual
participava desde o ano de 2004. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #003300; font-family: Arial Black; font-size: small;"><span style="color: #003300; font-family: "Arial Black"; font-size: 12.0pt;">Digo
«removido», porque me parece ser um bom compromisso entre o termo «dispensado» (politicamente
correcto) e os termos «despedido» ou «corrido» (politicamente incorrectos). Justificações
da «remoção»: </span></span><br />
<span style="color: blue; font-family: Arial Black;"><span style="color: blue; font-family: "Arial Black";">i)</span></span><span style="color: #003300; font-family: Arial Black;"><span style="color: #003300; font-family: "Arial Black";"> necessidade de «renovar» a lista de «paineleiros», naturalmente
«remoçando-a» (presumo que um velho rezingão como eu será substituído por um
daqueles moçoilos geniais que agora dirigem o PS); </span></span><br />
<span style="color: blue; font-family: Arial Black;"><span style="color: blue; font-family: "Arial Black";">ii)</span></span><span style="color: #003300; font-family: Arial Black;"><span style="color: #003300; font-family: "Arial Black";"> deixar de pagar as participações
no «Frente-a-Frente» (150 euros cada uma), porque a SIC Notícias está paupérrima
e passará a aceitar apenas «voluntários» (claro que tiveram o cuidado de não me
perguntar se eu queria ser um deles…). </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Arial Black; font-size: small;"><span style="color: blue; font-family: "Arial Black"; font-size: 12.0pt;">Terminam assim 17
anos consecutivos de colaboração com órgãos de comunicação social do grupo <i><span style="font-style: italic;">«Impresa»</span></i>: oito anos e meio como cronista
do EXPRESSO, de que fui removido no auge da invasão do Iraque; outros oito anos
e meio como colaborador da SIC Notícias, de que fui removido no auge da «guerra»
declarada há poucos dias pelo «megafone» de Vitor Gaspar, Pedro Passos
Coelho. Suponho que é uma «guerra» contra a esmagadora maioria dos portugueses,
que continuam a empanturrar-se de bifes todos os dias… </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #003300; font-family: Arial Black; font-size: small;"><span style="color: #003300; font-family: "Arial Black"; font-size: 12.0pt;">Mas é claro
que não deixa de ser exaltante imaginar a satisfação que esta notícia irá causar
em figuras tão proeminentes como a augusta vice-presidente (da AR) Teresa
Caeiro, o austero advogado José Luís Arnaut ou o venerável empresário Ângelo
Correia – que se recusavam a enfrentar-me há já alguns meses com o beneplácito
dos responsáveis pelo programa. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Arial Black; font-size: small;"><span style="color: blue; font-family: "Arial Black"; font-size: 12.0pt;">Não ignoro,
todavia, que o gáudio não se confina ao chamado «arco do poder», nos seus três tons
habituais: cor de laranja azeda, azul cueca e cor-de-rosa fanada. Também vai
entrar de roldão em alguns órgãos de comunicação social do regime,
politicamente correctos, onde não faltam opinadores tão chatos ou peneirentos
como «intocáveis», e digníssimos «pilares» do <i><span style="font-style: italic;">statu
quo</span></i> que não apreciam dissidências políticas nem franco-atiradores (a
não ser quando haja escândalo que aumente as audiências e/ou os leitores). </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #003300; font-family: Arial Black; font-size: small;"><span style="color: #003300; font-family: "Arial Black"; font-size: 12.0pt;">A única coisa
que se me oferece dizer, sem me rir, neste momento, é a seguinte: quando se
perde poder ou a aparência dele, por mais ínfimo que seja; quando não se tem a
protecção de um partido, ou de uma «igreja», ou de uma associação «cívica»
semi-clandestina, ou de um grupo de pressão, ou de um «sacristão», ou de um «patrão»,
ou de um «padrinho», etc., etc., etc. – o «lonesome cowboy» escusa de
armar ao pingarelho, e não tem outro remédio se não o de meter a viola no saco e
ir para a caça aos gambozinos.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Arial Black; font-size: small;"><span style="color: blue; font-family: "Arial Black"; font-size: 12.0pt;">Saudações democráticas,</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #003300; font-family: Arial Black; font-size: small;"><span style="color: #003300; font-family: "Arial Black"; font-size: 12.0pt;">Alfredo Barroso </span></span></div>
Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-22630843718010867262012-11-20T09:12:00.002+00:002012-11-20T09:17:27.676+00:00Corações de pedra <!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">1 - Em períodos</span></b><span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"> de crise tão profunda e tão grave como esta
que estamos a viver, não devemos ignorar as lições da História, por mais
excessivas que possam parecer as comparações (que vou fazer) entre figuras e
factos actuais e pretéritos. Porque a História pode sempre repetir-se, quer
como farsa quer como tragédia. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">Por exemplo, ao ouvir a
chanceler Angela Merkel reclamar mais cinco anos de austeridade à Europa em
crise, insinuou-se no meu espírito a comparação entre o seu fanático ministro
das Finanças, Wolfgang Schäuble, e o general fascista Millán Astray, galego, mutilado
de guerra e legionário ao serviço de Franco, que proferiu, em 12 de Outubro de
1936, durante a comemoração do Dia da Raça na Universidade de Salamanca, o
grito irracional e obsceno: «Muera la inteligência! Viva la muerte!». </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">A actual política de
sujeição dos países da Europa meridional ao di<i style="mso-bidi-font-style: normal;">ktat</i> financeiro e orçamental alemão também significa desprezo pela
inteligência dos súbditos e uma condenação à morte das respectivas economias. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">Outro exemplo que me
ocorre é o do primeiro-ministro português, Passos Coelho, cujo ridículo
patriotismo de lapela não consegue esconder a germanofilia financeira e
orçamental que faz dele uma espécie de «Gauleiter», designação alemã para um
chefe provincial que desempenha funções equiparáveis às de um Prefeito ou
Governador civil. E escusado seria dizer, mas digo, que o ministro das Finanças
português, Vítor Gaspar, outro adepto fanático do neoliberalismo – ou do
ordoliberalismo, se quisermos acentuar a sua sujeição à doutrina germânica –
está para Passos Coelho como Wolfgang Schäuble para Angela Merkel,</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">Todos eles são
políticos e/ou tecnocratas duros e perversos, com corações de pedra e mentes
embotadas, indiferentes ao sofrimento de milhões de europeus cada vez mais
empobrecidos pela austeridade brutal que tão detestáveis criaturas preconizam e
impõem, mas não praticam. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">2 – A expressão</span></b><span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"> «corações de pedra», fui buscá-la ao livro de
John Maynard Keynes sobre <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«As
consequências económicas da paz»</i>, publicado em 1920, e que é uma
devastadora crítica da Conferência de Versalhes e do Tratado que ela produziu,
impondo à Alemanha derrotada na Grande Guerra «cláusulas de reparação»
terrivelmente punitivas e humilhantes, que era manifestamente impossível cumprir.
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">Keynes participara na
conferência como representante do Tesouro (Ministério das Finanças) britânico,
apresentando um plano alternativo bem mais inteligente e razoável do que aquele
que acabou por vingar. Por isso demitiu-se e denunciou, no seu livro, o misto
de ingenuidade política, boas intenções (Woodrow Wilson, EUA) e espírito de
vingança (Clemenceau, França) que se sobrepuseram aos reais interesses «da
Humanidade e da civilização europeia». </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">Como Keynes descreveu
metaforicamente numa bela prosa: «De todas as formas, o velho mundo era duro na
sua perversidade: o seu coração de pedra teria conseguido embotar a espada
afiada do mais bravo cavaleiro errante. Mas o cego e surdo Dom Quixote estava a
entrar numa caverna onde a sua rápida e brilhante espada já estava nas mãos dos
seus adversários». </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">Como é sabido, o
Tratado de Versalhes provocou enorme ressentimento entre os alemães e produziu terríveis
consequências: inflação galopante; pobreza e caos social; ascensão de Hitler ao
poder, em 1933; participação da aviação nazi, ao lado dos fascistas (o
bombardeamento de Guernica é um terrível símbolo), na Guerra Civil de Espanha
(1936-1939); e a eclosão da II Guerra Mundial, que iria devastar a Europa e
parte da Ásia e da Oceânia, entre 1939 e 1945.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">Há alguns meses, o
presidente da Confederação Europeia de Sindicatos enviou uma carta à Comissão
Europeia, comparando os juros dos empréstimos da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">troika</i>, mais os brutais planos de austeridade e privatizações, às
«cláusulas de reparação do Tratado de Versalhes», reduzindo os países membros
da zona euro sob resgate a «um estatuto quase colonial». Ninguém o ouviu: nem
Durão Barroso, nem Merkel, nem Schäuble, nem Gaspar, nem Passos Coelho.
Preferiram apostar, perfidamente, na sujeição dos países em crise ao dogma
ultra-liberal. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">3 – Querem impor</span></b><span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"> aos portugueses, tal como aos gregos,
espanhóis, irlandeses, cipriotas, e outros mais, um regime político não
previsto nas respectivas Constituições. Esse regime tem um nome: neoliberalismo
de Estado de fachada democrática. È que, ao invés do que proclama a sua
ideologia, o neoliberalismo está muito longe de implicar o desaparecimento do
Estado (no sentido anarquista ou libertário).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">Bem pelo contrário,
para os fanáticos neoliberais que estão no poder, o Estado tem de desempenhar
um papel porventura novo, mas não menos fulcral, que consiste em impor um
contexto favorável aos negócios – isto é, às grandes empresas e ao sistema
financeiro – tanto interna como externamente, inclusive derrubando pela força
regimes e estruturas sócio-económicas tradicionais.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">O seu ideário está
resumido na fórmula «D-L-P», que significa: i) Desregulação (da economia); ii)
Liberalização (do comércio e indústria); iii) Privatização (das empresas do
Estado). Há quem já não se lembre dos primeiros «laboratórios» do
neoliberalismo: o Chile de Pinochet e dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Chicago
Boys</i>; o Brasil da ditadura militar e de Delfim Neto; a Argentina da junta
militar e de Domingo Caballo. Longe vá o agoiro!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">Keynes prognosticou,
com enorme lucidez, as desastrosas consequências de uma austeridade cega e
brutal, que provoca a pobreza e o caos social e ameaça destruir o que também
ele designava por <i style="mso-bidi-font-style: normal;">civilização europeia</i>.
A política posta em prática por corações de pedra é, acima de tudo, estúpida e
criminosa. É preciso travá-la já! </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">Infelizmente falta-nos,
aqui e na Europa, uma figura com a coragem e a estatura moral e intelectual de
Miguel de Unamuno – o reitor da Universidade de Salamanca que condenou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">in loco</i> o «necrófilo e insensato grito»
de Millán Astray – para enfrentarmos os fanáticos do neoliberalismo e do
«darwinismo» social que teimam em promover a «selva», destruir o Estado social
e fazer regredir a Europa quase 70 anos. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 0pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 0pt;">
<span style="color: black; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">«DN» de 19 de Novembro
de 2012 <span style="mso-tab-count: 3;"> </span><u><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></u></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 0pt;">
</div>
<div class="MsoNormal">
</div>
Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-14634651839231693562012-10-27T13:59:00.004+01:002012-10-27T14:01:44.853+01:00É TEMPO DE DIZER ‘BASTA!’<!--[if gte mso 9]><xml>
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">1 - <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O PAÍS</b> está à beira de um enorme
desastre económico, financeiro e social. Mas o Governo – que há mais de um ano
põe em prática sucessivas e brutais políticas de austeridade, nem sequer
legitimadas pelos que o elegeram – mantém-se em contínuo estado de negação. E
insiste, aumentando a brutalidade dessas políticas que estão a conduzir o País
para o abismo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A proposta de Orçamento
do Estado para 2013 é, no mínimo, uma proposta alucinante, que aposta na
punição fiscal e salarial da esmagadora maioria dos portugueses, na destruição
do que ainda resta da classe média, no sacrifício cruel e desumano dos mais
desfavorecidos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Esta proposta de OE
não deve ser aprovada - e, se o for, não pode ser aplicada - sob pena de
provocar uma gravíssima ruptura social e uma verdadeira catástrofe económica e
financeira.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Por causa da
subserviência deste Governo de direita, cuja germanofilia financeira e
orçamental brada aos céus, passámos a viver num País submetido ao <i style="mso-bidi-font-style: normal;">diktat</i> da Alemanha, às imposições que
nos faz a chanceler Ângela Merkel, em vez de optarmos por um caminho
alternativo para enfrentar a crise e recuperar, se não a soberania plena, pelo
menos a dignidade como Povo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Vivemos sob um
assustador regime de neo-liberalismo de Estado, que só difere de certas
ditaduras sul-americanas do século passado, «abençoadas» pelos «Chicago boys»,
porque mantém a fachada democrática. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">É tempo de dizer
«basta» ao patriotismo de lapela deste Governo de destruição nacional! É tempo
de devolver a palavra ao Povo soberano!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">2 - <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A DECLARAÇÃO</b> final aprovada pelo
Congresso Democrático das Alternativas no passado dia 5 de Outubro – que merece
ser lida com atenção – é muito clara na identificação do estado em que o País
se encontra, em consequência da aplicação do «infeliz e humilhante Memorando de
Entendimento assinado com a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">troika</i>»,
isto é, com a Comissão Europeia (de Durão Barroso), o BCE e o FMI.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">As políticas de austeridade
deste Governo assentam cada vez mais na punição dos rendimentos do trabalho, no
desmantelamento dos serviços públicos, e na redução do investimento e do
consumo. São políticas cegas. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">As suas consequências
estão a ser devastadoras: recessão profunda; falências de pequenas e médias
empresas; desemprego em massa; incapacidade de superar o descontrolo das
finanças públicas; aumento da precariedade laboral; crescentes desigualdades e
injustiças sociais; economia sem procura; desmembramento da sociedade; emigração;
falta de confiança no futuro.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Não podemos assistir
indiferentes à devastação de recursos, à desqualificação das pessoas e à falta
de um compromisso que gere confiança nos portugueses.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">3 - <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A ESTRATÉGIA</b> inscrita no Memorando da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">troika</i> está errada desde o início e já
todos viram que não consegue produzir os resultados desejados. As metas fixadas
são inatingíveis. O fisco e o confisco são vergonhosos. A espiral de
endividamento e a pressão sobre o défice são alarmantes.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Urge encarar
seriamente a necessidade de renegociar e reestruturar a dívida, sob pena de
estarmos condenados, mais cedo do que tarde, ao incumprimento. Mas isso só pode
ser feito sem este OE e com outro Governo legitimado pela vontade popular
expressa em eleições. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">É preciso acabar
rapidamente com esta obsessão da austeridade e recusar mais ajustamentos
recessivos, que provocam um aumento da dívida a um ritmo que a torna
insustentável. Como afirmou recentemente José Castro Caldas,
«o peso dos juros é de tal ordem que toda a prestação pública de serviços,
nomeadamente a nível de reparação de infra-estruturas, começará a entrar em
colapso».</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A alternativa é
clara: ou nos conformamos com o rumo desastroso deste Governo, que aceitou e
acordou com a troika o prolongamento de um intolerável «estado de excepção»
cujo fim não se vislumbra; ou poderemos ter de recorrer à suspensão do serviço
da dívida, para sobrevivermos enquanto sociedade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Torna-se imperioso
tomar uma decisão, e essa decisão só pode ser tomada pelo povo soberano em eleições
legislativas antecipadas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">4 - <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">ESTÁ PROVADO</b> que o sonho de Sá Carneiro
– «uma maioria, um governo e um presidente» (de direita) – se tornou num
pesadelo para o Povo português.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A repulsa que este
Governo provoca é de tal ordem, que agora há outra direita que contesta esta
direita que está no poder – e que até já propõe uma «renegociação honrada» com
a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">troika</i> (Miguel Cadilhe), a
realização de eleições em Maio de 2013 (Fernando Ulrich) ou, mesmo, a entrada
do PS para um governo de «bloco central» alargado (Jardim Gonçalves). Para já
nem falar nos apelos à constituição de um governo tecnocrático de iniciativa
presidencial, obviamente ilegítimo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Trata-se de uma
direita que se sente traída pelo brutal aumento de impostos (não foi para isso
que ajudaram Passos Coelho a chegar ao poder) e que prefere um corte brutal nas
despesas do Estado (ou seja, nos salários, pensões e prestações sociais, na
Educação, na Saúde e na Segurança Social).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Esta é uma proposta
que o Congresso Democrático das Alternativas considera muito perigosa - e
repudia na sua Declaração. E contra a qual se dispõe a lutar com firmeza,
nomeadamente, apoiando as diferentes manifestações de protesto democrático e
popular, já anunciadas, contra as políticas ruinosas deste Governo, contra a
alucinante proposta de OE e contra o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">diktat
</i>da senhora Merkel.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A curto prazo, a
melhor alternativa é a denúncia do Memorando, a renegociação e reestruturação
da dívida – e isso passa, inevitavelmente, pela constituição de um novo governo
saído de eleições.<span style="mso-tab-count: 4;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;"> - </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Lisboa, 22 de Outubro de 2012</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Publicado no «Expresso» de 27 Out 12</span></div>
Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-1274888223637497432012-10-12T10:08:00.004+01:002012-10-12T10:12:58.953+01:00«Quod erat demonstrandum» (Euclides dixit) - O Congresso continua<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="color: green; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"></span></i><span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;"></span><span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">NO PASSADO</span></b><span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;"> dia 5 de Outubro, mais de 1 700 pessoas participaram no Congresso
Democrático das Alternativas, que teve lugar na Aula Magna da Universidade de
Lisboa.</span><span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Depois de um dia de debate e partilha de ideias e valores, os
participantes aprovaram a Declaração do Congresso Democrático das Alternativas,
na qual se encontram expressas as análises, as propostas e as tarefas
prioritárias de uma iniciativa que se propõe juntar forças e assumir a
responsabilidade de resgatar o País para um futuro decente.</span><span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">A versão final do documento, incorporando as alterações introduzidas
durante o Congresso, encontra-se disponível aqui: </span><span lang="EN-GB" style="color: red; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-weight: bold;"><a href="http://lin.nailinthemail.com/sendlink.asp?HitID=0&StID=208430&SID=1&NID=1199942&EmID=272766242&Link=aHR0cDovL3d3dy5jb25ncmVzc29hbHRlcm5hdGl2YXMub3JnL3AvZG9jdW1lbnRhY2FvLmh0bWw%3D&token=0ba0c7cc1181761d96e760fd78aeac1daf203105" target="_blank"><span lang="PT" style="color: red; mso-ansi-language: PT;">http://www.<wbr></wbr>congressoalternativas.org/p/<wbr></wbr>documentacao.html</span></a></span><span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">.</span><span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Dando seguimento ao estabelecido na Declaração aprovada e procurando
estar à altura das expectativas geradas pelo sucesso de 5 de Outubro, a Comissão
Organizadora está a preparar a agenda pós-Congresso, tendo em vista as tarefas
prioritárias identificadas, a saber:</span><span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">1) defender um compromisso comum de convergência por parte das
forças políticas democráticas que decidam apresentar-se a eleições, com vista a
viabilizar uma governação alternativa em torno de princípios abrangentes e
claros, como os sugeridos na Declaração do Congresso;<br />
<br />
2) organizar e mobilizar em todo o país os apoiantes do Congresso com vista à
divulgação e prosseguimento do debate no espaço público das propostas
aprovadas, ao seu enriquecimento e desenvolvimento participativo e à promoção
da iniciativa cidadã em defesa das causas e dos objetivos aprovados;<br />
<br />
3) consolidar e alargar a base plural de apoio ao Congresso;<br />
<br />
4) dialogar com forças políticas, instituições e movimentos sociais, nacionais
e internacionais, inspirado pelo propósito de estimular dinâmicas de
convergência na ação e de construir denominadores comuns para as necessárias
alternativas políticas.</span><span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Em breve daremos conta dos próximos desenvolvimentos.</span><span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Saudações democráticas,</span><span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">A Comissão Organizadora</span><span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">--</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">CONGRESSO DEMOCRÁTICO DAS
ALTERNATIVAS</span></b><span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Resgatar Portugal para um Futuro
Decente</span></b><span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">Sítio na
Internet: </span><span lang="EN-GB" style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: EN-GB;"><a href="http://lin.nailinthemail.com/sendlink.asp?HitID=0&StID=208430&SID=1&NID=1199942&EmID=272766242&Link=aHR0cDovL3d3dy5jb25ncmVzc29hbHRlcm5hdGl2YXMub3JnLw%3D%3D&token=0ba0c7cc1181761d96e760fd78aeac1daf203105" target="_blank"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">http://www.<wbr></wbr>congressoalternativas.org/</span></a></span><span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"> </span><span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;">Facebook: </span><span lang="EN-GB" style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: EN-GB;"><a href="http://lin.nailinthemail.com/sendlink.asp?HitID=0&StID=208430&SID=1&NID=1199942&EmID=272766242&Link=aHR0cDovL3d3dy5mYWNlYm9vay5jb20vcGFnZXMvQ29uZ3Jlc3NvLURlbW9jcmF0aWNvLWRhcy1BbHRlcm5hdGl2YXMvMzIwNjkzNzk0Njg1MjE4P3JlZj1obA%3D%3D&token=0ba0c7cc1181761d96e760fd78aeac1daf203105" target="_blank"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">http://www.<wbr></wbr>facebook.com/pages/Congresso-<wbr></wbr>Democratico-das-Alternativas/<wbr></wbr>320693794685218?ref=hl</span></a></span><span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="EN-GB" style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: EN-GB;">Correio eletrónico: <a href="mailto:congressoalternativas@gmail.com" target="_blank">congressoalternativas@gmail.<wbr></wbr>com</a></span><span lang="EN-GB" style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: EN-GB;"> </span><span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt;"></span></div>
Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-57461538280265329822012-09-26T13:08:00.004+01:002012-09-26T13:08:55.755+01:00Congresso Democrático das Alternativas<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><u><span style="color: #003366; font-family: Arial Narrow; font-size: large;"><span style="color: #003366; font-family: "Arial Narrow"; font-size: 16.0pt; font-weight: bold;">
</span></span></u><span style="color: #003366; font-family: Arial Narrow; font-size: large;"><span style="color: #003366; font-family: "Arial Narrow"; font-size: 16pt;"><span style="font-family: inherit;">Já abriram as inscrições para o Congresso de 5 de Outubro</span></span></span></b><span style="font-family: inherit;"><u><span style="color: #003366; font-size: large;"><span style="color: #003366; font-size: 16pt;"></span></span></u></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: 12pt;">Cara/o amiga/o,</span></span></span><br />
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: 12pt;">Já pode efectuar a sua inscrição para participar no
Congresso Democrático das Alternativas, o qual terá lugar no próximo dia </span></span>5
de Outubro, na
Aula Magna da Universidade de Lisboa
(metro: Cidade Universitária). </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: 12pt;">Por motivos logísticos, a participação no dia 5 de Outubro,
com direito de intervenção e de voto, </span></span>está
sujeita a inscrição prévia,
a qual pode ser feita através do site do Congresso: <a href="http://www.congressoalternativas.org/2012/08/inscricao-no-congresso.html" target="_blank"><span lang="PT">http://www.<wbr></wbr>congressoalternativas.org/<wbr></wbr>2012/08/inscricao-no-<wbr></wbr>congresso.html</span></a>.<span style="color: navy;"><span style="color: navy;"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: 12pt;">Tendo por base os debates preparatórios que tiveram
lugar nos últimos dias em vários pontos do país – Viana do Castelo, Braga,
Barcelos, Porto, Coimbra, Lisboa, Évora e Faro (estando ainda marcados debates
em Viseu e Setúbal) – e as muitas dezenas de contributos escritos enviados para
alimentar os debates temáticos (disponíveis aqui: </span></span><a href="http://www.congressoalternativas.org/p/textos-para-debate.html" target="_blank"><span lang="PT">http://www.<wbr></wbr>congressoalternativas.org/p/<wbr></wbr>textos-para-debate.html</span></a>),
a Comissão Organizadora está agora a preparar o projecto de Declaração
do Congresso Democrático das Alternativas
que será colocado à discussão e votação pelos congressistas no dia 5 de Outubro.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: 12pt;">O projecto de Declaração, bem como a proposta de
Regulamento do Congresso, serão divulgados a partir do dia 1 de Outubro.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: 12pt;">Uma forte presença dos subscritores da Convocatória do
Congresso no dia 5 de Outubro é fundamental para o aprofundamento do debate e
para afirmação pública desta iniciativa, a qual se propõe contribuir para a
construção de alternativas à estratégia de empobrecimento do país inscrita no
Memorando de Entendimento e na actual governação.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: inherit;">Contamos com a sua
presença!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: inherit;">Pedimos-lhe também a sua
colaboração para divulgar a abertura de inscrições para o Congresso, convidando
todos aqueles que se possam rever nos propósitos do Congresso a marcar a sua
presença no dia 5 de Outubro.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: navy;"><span style="color: navy;"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: 12pt;">Saudações democráticas,<span style="color: navy;"><span style="color: navy;"></span></span></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: 12pt;">A Comissão Organizadora</span></span><span style="color: navy;"><span lang="EN-GB" style="color: navy;"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: #666666; font-size: small;"><span style="color: #666666; font-size: 12pt;">CONGRESSO
DEMOCRÁTICO DAS ALTERNATIVAS</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: #666666; font-size: small;"><span style="color: #666666; font-size: 12pt;">Resgatar Portugal
para um Futuro Decente</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><i><span style="color: #666666; font-size: small;"><span style="color: #666666; font-size: 12pt; font-style: italic;">5
de outubro - Aula Magna - Lisboa</span></span></i> <span style="color: navy;"><span lang="EN-GB" style="color: navy;"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: #666666; font-size: small;"><span style="color: #666666; font-size: 12pt;">Sítio na Internet: </span></span><span style="color: #666666;"><span lang="EN-GB" style="color: #666666;"><a href="http://www.congressoalternativas.org/" target="_blank"><span lang="PT">http://www.<wbr></wbr>congressoalternativas.org/</span></a></span></span><span style="color: #666666;"><span style="color: #666666;"> </span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: #666666; font-size: small;"><span style="color: #666666; font-size: 12pt;">Facebook: </span></span><span style="color: #666666;"><span lang="EN-GB" style="color: #666666;"><a href="http://www.facebook.com/pages/Congresso-Democratico-das-Alternativas/320693794685218?ref=hl" target="_blank"><span lang="PT">http://www.<wbr></wbr>facebook.com/pages/Congresso-<wbr></wbr>Democratico-das-Alternativas/<wbr></wbr>320693794685218?ref=hl</span></a></span></span><span style="color: #666666;"><span style="color: #666666;"> </span></span><br /><span style="color: #666666;"><span style="color: #666666;">
Correio eletrónico: </span></span><span style="color: #666666;"><span lang="EN-GB" style="color: #666666;"><a href="mailto:congressoalternativas@gmail.com" target="_blank"><span lang="PT">congressoalternativas@gmail.<wbr></wbr>com</span></a></span></span><span style="color: #666666;"><span style="color: #666666;"> </span></span></span></div>
<b><span style="color: #666666; font-family: Arial Narrow;"><span style="color: #666666; font-family: "Arial Narrow"; font-weight: bold;"></span></span></b></div>
Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-61376786963772064482012-09-17T14:16:00.000+01:002012-09-17T14:16:57.064+01:00Um Congresso cada vez mais oportuno e necessário<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial; font-size: x-small;"><span style="color: blue;"><span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">Caro/a subscritor/a do
Congresso Democrático das Alternativas,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<span style="color: blue;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<span style="color: blue;"><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">Ontem, 15 de Setembro,
centenas de milhares de pessoas saíram à rua por todo o país para manifestar a
sua indignação com o reforço das medidas de austeridade anunciadas nas últimas
semanas. Cada vez mais portugueses e portuguesas concluem que a estratégia inscrita
no Memorando de Entendimento, cuja implementação ultrapassou todos os limites
do tolerável, é um caminho sem saída.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<span style="color: blue;"><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">Manifestar a nossa
indignação é uma obrigação democrática. Mas é preciso mais. É preciso ajudar a
construir o futuro!</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<span style="color: blue;"><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">O Congresso Democrático
das Alternativas, nos termos do texto que o convoca (que enviamos em anexo),
propõe-se mobilizar as energias e identificar os denominadores comuns entre
todos os que estão disponíveis para juntar forças e assumir a responsabilidade
de resgatar o País.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<span style="color: blue;"><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">Contribua para o
sucesso do Congresso. Divulgue, colabore, participe (veja como pode fazê-lo no
final desta mensagem).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<span style="color: blue;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<span style="color: blue;"><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">Saudações
democráticas,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<span style="color: blue;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<span style="color: blue;"><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">A Comissão
Organizadora</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<b><b><u><span style="color: #222222; font-family: Calibri; font-size: medium;"><span style="color: #222222; font-family: Calibri; font-size: 13.5pt;">Como pode contribuir
para o sucesso do Congresso</span></span></u></b></b><span style="color: #222222; font-family: Arial;"><span style="color: #222222; font-family: Arial;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial; font-size: x-small;"><span style="color: #222222; font-family: Arial; font-size: 10.0pt;"><br />
1. Envie um email ou contacte pessoalmente aqueles que possam rever-se nos
propósitos da iniciativa, convidando-os à subscrição da Convocatória (o que
pode ser feito em <a href="http://subscrever.congressoalternativas.org/" target="_blank"><span style="color: #1155cc;"><span style="color: #1155cc;">http://subscrever.<wbr></wbr>congressoalternativas.org</span></span></a>)
e à participação no processo de construção do Congresso.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial; font-size: x-small;"><span style="color: #222222; font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">2. Divulgue o
Congresso, o seu sítio web (<a href="http://www.congressoalternativas.org/" target="_blank"><span style="color: #1155cc;"><span style="color: #1155cc;">http://www.<wbr></wbr>congressoalternativas.org/</span></span></a>)
e a página do facebook (<a href="http://www.facebook.com/pages/Congresso-Democratico-das-Alternativas/320693794685218" target="_blank"><span style="color: #1155cc;"><span style="color: #1155cc;">http://www.facebook.com/<wbr></wbr>pages/Congresso-Democratico-<wbr></wbr>das-Alternativas/<wbr></wbr>320693794685218</span></span></a>)
junto dos seus contactos e redes sociais (via email, blogs, Facebook, Twitter,
etc.).</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial; font-size: x-small;"><span style="color: #222222; font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">3. Imprima cópias da
Convocatória (que enviamos em anexo), do cartaz e do folheto do Congresso
(disponíveis aqui <a href="http://www.congressoalternativas.org/p/materiais.html" target="_blank"><span style="color: #1155cc;"><span style="color: #1155cc;">http://www.<wbr></wbr>congressoalternativas.org/p/<wbr></wbr>materiais.html</span></span></a>),
colocando-os nos seus locais de trabalho e convívio, e distribuindo-os em todas
as situações que lhe pareçam adequadas.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial; font-size: x-small;"><span style="color: #222222; font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">4. Contribua para a
elaboração do Projecto de Declaração do Congresso, enviando textos da sua
autoria que contribuam para o debate temático nas várias áreas (ver <a href="http://www.congressoalternativas.org/p/debates-tematicos.html" target="_blank"><span style="color: #1155cc;"><span style="color: #1155cc;">http://www.<wbr></wbr>congressoalternativas.org/p/<wbr></wbr>debates-tematicos.html</span></span></a>)
ou convidando outros a participarem com as suas ideias e propostas.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial; font-size: x-small;"><span style="color: #222222; font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">5. Contribua, na
medida das suas possibilidades, para o suporte financeiro do Congresso, cuja
organização depende exclusivamente do trabalho voluntário e do contributo dos
seus apoiantes. Os donativos individuais podem ser feitos por transferência
para a conta bancária constituída para o efeito com o NIB</span></span><span style="background-repeat: initial initial;"><span style="color: #666666; font-family: Trebuchet MS; font-size: x-small;"><span style="background: white; color: #666666; font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10.0pt;"> </span></span></span><b><span style="background-repeat: initial initial;"><span style="color: #222222; font-family: Trebuchet MS; font-size: x-small;"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10.0pt; font-weight: bold;">0035 0081 00103231 030 49</span></span></span></b><b><span style="color: #222222; font-family: Arial; font-size: x-small;"><span style="color: #222222; font-family: Arial; font-size: 10.0pt; font-weight: bold;">. </span></span></b><span style="color: #222222; font-family: Arial; font-size: x-small;"><span style="color: #222222; font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">Toda a informação sobre receitas e despesas do Congresso estará
disponível do site (em <a href="http://www.congressoalternativas.org/p/donativos.html" target="_blank"><span style="color: #1155cc;"><span style="color: #1155cc;">http://www.<wbr></wbr>congressoalternativas.org/p/<wbr></wbr>donativos.html</span></span></a>).</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: none repeat scroll 0% 0% white; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial; font-size: x-small;"><span style="color: #222222; font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">6. Marque a sua
presença e participe activamente no Congresso no dia <u>5 de Outubro</u>,
que terá lugar durante todo o dia na <u>Aula Magna da Universidade de
Lisboa</u>. Por motivos logísticos, a participação no dia 5 de Outubro está
sujeita a inscrição prévia através do site do Congresso. O início das
inscrições será brevemente anunciado.</span></span></div>
<div>
<div class="MsoNormal">
</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-size: 12.0pt;">-- </span></span></div>
<div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #666666; font-family: Times New Roman; font-size: x-small;"><span style="color: #666666; font-size: 10.0pt; font-weight: bold;">CONGRESSO DEMOCRÁTICO
DAS ALTERNATIVAS</span></span></b></div>
</div>
<div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #666666; font-family: Times New Roman; font-size: xx-small;"><span style="color: #666666; font-size: 7.5pt; font-weight: bold;">Resgatar Portugal para
um Futuro Decente</span></span></b></div>
</div>
<div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="color: #666666; font-family: Times New Roman; font-size: xx-small;"><span style="color: #666666; font-size: 7.5pt; font-style: italic; font-weight: bold;">5 de
outubro - Aula Magna - Lisboa</span></span></i></b></div>
</div>
<div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
</div>
<div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: #666666; font-family: Times New Roman; font-size: xx-small;"><span style="color: #666666; font-size: 7.5pt;">Sítio na Internet: <a href="http://www.congressoalternativas.org/" target="_blank">http://www.<wbr></wbr>congressoalternativas.org/</a> </span></span></div>
</div>
<div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: #666666; font-family: Times New Roman; font-size: xx-small;"><span style="color: #666666; font-size: 7.5pt;">Facebook: <a href="http://www.facebook.com/pages/Congresso-Democratico-das-Alternativas/320693794685218?ref=hl" target="_blank">http://www.<wbr></wbr>facebook.com/pages/Congresso-<wbr></wbr>Democratico-das-Alternativas/<wbr></wbr>320693794685218?ref=hl</a><br />
Correio eletrónico: <a href="mailto:congressoalternativas@gmail.com" target="_blank">congressoalternativas@gmail.<wbr></wbr>com</a> </span></span></div>
</div>
Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-65804004363450725182012-08-08T13:14:00.003+01:002012-08-08T13:15:38.618+01:00CONTRA UMA EUROPA NEOLIBERAL<br />
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: blue; font-size: 11.0pt;">1.
AS RESPOSTAS</span></b><span style="color: blue; font-size: 11.0pt;"> às questões
de fundo sobre o futuro do euro e da própria União Europeia passam
inevitavelmente pela revisão dos tratados em vigor. Não é concebível
uma moeda única entre países que estão em constante guerra económica uns contra
os outros. Guerra da qual vão saindo vencedores os países mais desenvolvidos, do
centro da zona euro (Alemanha, Holanda, Áustria), e vão saindo derrotados os
países da periferia, mais vulneráveis e pejorativamente designados PIGS
(Portugal, Irlanda, Grécia, Espanha).</span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-size: 11.0pt;">A crise do euro resulta, não apenas do
colete-de-forças que a moeda única constitui para os Estados membros da zona
euro mais dependentes e vulneráveis, mas também da financeirização desenfreada
das suas economias, do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dumping</i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>fiscal e salarial entre os países membros, da
rivalidade constante e desgastante entre esses países para atrair capitais.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-size: 11.0pt;">Tudo isto se reflecte seriamente no
bem-estar das populações, atingidas por cortes brutais na despesa pública (salários,
despesas sociais, etc.), por uma flexibilização cada vez maior das leis
laborais (com o inevitável aumento do desemprego), por reformas fiscais
injustas (que afectam sobretudo os rendimentos do trabalho e favorecem os
rendimentos do capital), pelo aumento das taxas de acesso a serviços públicos
essenciais (sobretudo da Saúde), pela privatização de empresas públicas estratégicas,
e por aí fora.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"></span></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: blue; font-size: 11.0pt;">2. A</span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: blue; font-size: 11.0pt;">
UE</span></b><span style="color: blue; font-size: 11.0pt;"> tem de libertar-se da
obsessão neoliberal que consiste em impor aos Estados membros a disciplina dos
mercados financeiros, designadamente através das agências de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">rating</i> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mais poderosas. Não faz qualquer sentido que a
indústria financeira desregulada – que provocou a crise e causou os aumentos
dramáticos das dívidas e dos défices – seja chamada a financiar os défices que
ela própria causou, fazendo exigências insuportáveis e impondo regras
draconianas aos países que sofrem as consequências da crise e se encontram em
estado de necessidade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-size: 11.0pt;">Tanto o Tratado de Maastricht (1992), que
instituiu a União Económica e Monetária, como o Tratado de Lisboa (2007), sobre
a governação da União Europeia, proíbem que os Estados da zona euro prestem
ajuda financeira a um país membro em crise, em virtude de uma cláusula de «não
salvamento» (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">«no bail-out»</i>) que
impede a entreajuda entre países que têm estruturas económicas e sociais e
níveis de desenvolvimento muito diferentes. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-size: 11.0pt;">Por outro lado, os Estados em dificuldades
também estão impedidos de recorrer ao Banco Central Europeu (BCE) para
financiar os seus défices, o que inevitavelmente os empurra para os braços dos
mercados financeiros, que, como disse, os submetem a critérios e exigências
demolidores para conceder empréstimos a juros proibitivos. Ora, esta crise veio
demonstrar, uma vez mais, que os mercados financeiros (designadamente as
agências de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">rating</i>) não são nem
eficientes nem racionais, e é, por isso mesmo, aberrante confiar-lhes a tutela
das políticas económicas dos Estados membros.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: blue; font-size: 11.0pt;">3.
Por tudo</span></b><span style="color: blue; font-size: 11.0pt;"> isto, é imperioso
reclamar a revisão dos tratados em vigor. Para que na zona euro e na UE venham a
prevalecer a solidariedade financeira e não a competição desenfreada, a
cooperação e a entreajuda e não a guerra económica permanente entre Estados. E
também para que o estatuto do Banco Central Europeu seja modificado, responsabilizando-o
perante as instâncias democráticas nacionais e europeias, e estatuindo que a
missão do BCE e a sua política monetária e de crédito devem dar prioridade à
criação de emprego e ao desenvolvimento humano sustentável e duradouro.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-size: 11.0pt;">Infelizmente, as reformas que têm vindo a
ser empreendidas são de mau augúrio: visam perpetuar a tutela dos interesses
financeiros sobre as políticas económicas dos Estados membros. O recente
Tratado para a Estabilidade, a Coordenação e a Governação institui a famosa
«regra de ouro» ou «regra do equilíbrio orçamental», que funciona como um
colete-de-forças e coloca os Estados membros sob a tutela da Comissão Europeia
e dos juízes do Tribunal de Justiça da UE (em detrimento do Parlamento Europeu).
Mais conhecido como Pacto Orçamental, vários economistas já consideram este
tratado como um «pacto para a austeridade perpétua», que é imperioso abolir.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-size: 11.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: blue; font-size: 11.0pt;">4.
Ora,</span></b><span style="color: blue; font-size: 11.0pt;"> para combater a sério
esta crise tão grave, é mesmo necessário rever os tratados e criar condições
que permitam o lançamento de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">eurobonds</i>,
a recapitalização do Banco Europeu de Investimentos, a criação de um fundo de
solidariedade para promover o crescimento (como sugeriu Stiglitz em artigo que
o «DN» publicou há um mês), além de
uma profunda reforma do sistema financeiro e de um controlo eficaz dos
movimentos de capitais, sem o que será muito difícil, se não impossível,
reduzir as desigualdades sociais.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue; font-size: 11.0pt;">Trata-se de transformar uma «Europa dos
bancos e dos banqueiros, dos empresários e dos patrões» (como dizia Bourdieu)
numa Europa dos cidadãos e da soberania popular, que reabilite os valores da
democracia e dos direitos humanos, do trabalho e da coesão social, do
conhecimento e da cultura. Trata-se de rejeitar o modelo autoritário e
tecnocrático que tem vindo a ser imposto pela ortodoxia neoliberal e reabilitar
o ideal pluralista e participado da política. Trata-se de provar que há
alternativas e que elas fazem todo o sentido. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 11.0pt;">«DN» de 7 Ago 12</span></div>Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-80507067045506866062012-07-20T13:17:00.003+01:002012-07-20T19:37:26.191+01:00UM «ESQUERDISTA» CHAMADO ÁLVARO<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: blue; font-size: 11pt;">CRITICANDO</span></b><span style="color: blue; font-size: 11pt;"> os presumíveis «esquerdistas» que insistem
na necessidade de Portugal renegociar e reestruturar a dívida pública, um
famoso sociólogo outrora estalinista e agora ao serviço de um grande merceeiro
perguntava, com arrogância e displicência, sentado à mesa quadrada de um debate
na televisão: «Renegociar? Mas renegociar o quê?». O sorriso cúmplice dos seus
parceiros de mesa confortou o famoso sociólogo na ideia de que tinha acabado de
fazer uma pergunta genial e, no mínimo, arrasadora para a canalha esquerdista
que por aí prolifera.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-size: 11pt;">E, no entanto, ela move-se – a ideia da necessidade de renegociar a
dívida pública. E nem é preciso recorrer a um perigoso esquerdista para a
explicar. Basta folhear o capítulo 8 de um «tijolo» de quase seiscentas páginas
publicado em Abril de 2011 por Álvaro Santos Pereira, ministro
da Economia desde Junho de 2011, intitulado «Portugal na hora da verdade – como
vencer a crise nacional».</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-size: 11pt;">Para explicar «o caminho tortuoso que temos de percorrer»,
avisa-nos o famoso autor que, «para que seja sustentável, a dívida pública
nacional tem de crescer a um ritmo inferior ao crescimento económico». Ora, «de
acordo com os cálculos do FMI, para ser sustentável, a dívida pública nacional exige
que as autoridades económicas portuguesas consigam alcançar excedentes
orçamentais primários a rondar os 4 % ou 5 % anuais, algo que nunca foi
alcançado na era democrática». (Estará o nosso Álvaro a apelar a um novo
salazarismo?).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-size: 11pt;">Seja lá como for, explica-nos o consagrado autor que, mesmo
recorrendo a «eventuais receitas das privatizações», à «venda de imóveis» do
Estado, ou a uma «hipotética venda de parte das reservas de ouro à guarda do
Banco de Portugal», «a verdade é que a nossa dívida pública alargada é de tal
modo elevada, que é provável que nem assim consigamos pagá-la nas próximas
décadas». Ora, «face aos exorbitantes montantes da nossa dívida e ao crescente
peso dos juros, é bastante possível que, mais cedo ou mais tarde, um governo português
se declare impotente para pagar a totalidade da dívida pública». Ou seja –
remata Álvaro – «é muito possível que cheguemos a uma situação em que o Estado
português se veja forçado a reestruturar a sua dívida pública junto dos
credores internos e externos». Mais: «é igualmente possível, e provavelmente
desejável, que essa renegociação seja levada a cabo ao mesmo tempo que uma
reestruturação da dívida de outros países europeus». (Leu bem: Álvaro fala
claramente em «renegociação»!).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-size: 11pt;">Foi deste modo que um «esquerdista» chamado Álvaro abraçou a famosa
tese da «inevitabilidade de uma reestruturação da dívida dos países europeus em
dificuldades», defendida por «economistas proeminentes como Kenneth Rogoff,
Barry Eichengreen, Nouriel Roubini, entre muitos, muitos outros» - como Álvaro
faz questão de sublinhar com veemência. (Os «esquerdistas» são uma praga!).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-size: 11pt;">Como explica o nosso autor: «Esta reestruturação abrangeria não só
um reescalonamento da dívida pública nacional (isto é, uma negociação com os
nossos credores de maturidades mais longas para as obrigações do Estado), mas
também uma diminuição do valor da dívida (os chamados <i style="mso-bidi-font-style: normal;">haircuts</i> da dívida). Mais: a fazer-se esta reestruturação da dívida
pública nacional, ela devia englobar não só a dívida pública detida pelos
estrangeiros, como também a dívida interna, incluindo uma renegociação das
próprias parcerias público-privadas (PPP)».</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: blue; font-size: 11pt;">Et voilá</span></i><span style="color: blue; font-size: 11pt;">! Aqui temos como um «esquerdista» de
direita (passe o absurdo) explica o que há para «renegociar» ao famoso sociólogo
ex-estalinista da «nova direita» (aselhas, os cristãos-novos da política!). Note-se
que o insigne sociólogo é perito em perguntas obscenas e provocatórias, como aquelas
que fez, em 10 de Janeiro de 2012, num canal de tv em que se debatia, nada mais
nada menos do que, o «racionamento da saúde». Uma: «Intervenções cirúrgicas
depois dos 70, dos 80, dos 90… Até onde é que se deve ir?». Outra: «Pagar
hemodiálises a pessoas com mais de 70 anos, faz sentido?». Não, não foi Manuela Ferreira Leite
quem colocou a questão, foi ele, e ela limitou-se a secundá-lo na crueldade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-size: 11pt;">Tal como a um cidadão pobre com mais de 70 anos não se deve recusar
a hemodiálise, também a um país pobre com mais de 800 anos não se deve recusar uma
bóia de salvação quando está a afogar-se. Discute-se se somos miniatura do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Titanic</i> ou réplica do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Costa Concórdia</i>. Tanto faz, desde que a
direita não nos faça adornar e não nos afunde, garantindo salva-vidas apenas
aos que tudo têm.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11pt;">«DN»
de 19 Julho 2012 <span style="color: blue;"> </span></span></div>Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-21874584045552383312012-06-05T12:19:00.001+01:002012-06-05T12:19:49.796+01:00O DIABO ESTÁ NOS DETALHES<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: blue;">UM ANO</span></b><span style="color: blue;"> de
governo catastrófico. Política de austeridade a todo o custo lança pelo menos
três milhões de portugueses na desgraça: quase metade no desemprego; mais de
metade com salários de miséria. Classe média a desmoronar-se cai de bruços nos
braços de Dª. Jonet e seu banco alimentar contra a fome. Caridade luta para
superar solidariedade e dar cobertura ao desmantelamento do Estado social.
Educação, saúde e segurança social seriamente atingidas. Primeira quebra de
salários nominais de que há registo em Portugal. Como
disse há dias um rotundo deputado do PPD (nem pouco mais ou menos PSD): se
excluirmos tudo isto, as políticas do governo têm sido um sucesso estrondoso, como
reconhecem Moody’s, troika e quejandos. Economista berlinense admite que fazer
cortes em períodos de recessão torna as coisas ainda piores, mas acha que ‘fado’
e ‘melancolia’ fazem dos portugueses povo estóico capaz de recuperar a sua economia.
Para ideólogos ultra-liberais da austeridade a todo o custo, sofrimento social
dos cidadãos não passa de pormenor. Governo pôs finanças acima de tudo o resto,
entregou economia a aprendizes desajeitados e acha que coesão social é detalhe negligenciável.
Gaspar, Passos e Relvas são o nosso triângulo das Bermudas e custa-lhes
perceber que o diabo está nos detalhes. Diz Clara Ferreira Alves que
a Grécia pode vir a ser o Titanic, mas nós seremos o Costa Concórdia (a passar
rente à praia para o cozinheiro dizer adeus aos primos). Portugal já começou a
adornar, mas nem o comandante Passos nem o ‘chef’ Gaspar deram por isso! </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt;">«DN» de 5 Jun 12</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: navy; font-family: "Arial Narrow"; font-size: 12pt;"> </span></b>Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-36982846463487793382012-03-28T13:22:00.000+01:002012-03-28T13:23:18.518+01:00Convite<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgz09zCBrPELqmqMfx8l4gFCnubZUTz3O_EBOLAvTCUxZJ78JbexVHVeRHIJ8gEfLkCCLOvjvHzHwUwhFJr1VYW_M3KxMqHASuEmlZYjC4ZojjGsAhWME1R3qMr01Eu0HZ4HBQseiiUANE/s1600/convite_esquerda.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 230px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgz09zCBrPELqmqMfx8l4gFCnubZUTz3O_EBOLAvTCUxZJ78JbexVHVeRHIJ8gEfLkCCLOvjvHzHwUwhFJr1VYW_M3KxMqHASuEmlZYjC4ZojjGsAhWME1R3qMr01Eu0HZ4HBQseiiUANE/s400/convite_esquerda.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5724922444698166194" border="0" /></a>Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-66836479964094109412012-01-10T20:55:00.000+00:002012-01-10T20:58:43.735+00:00TRABALHADORES INCANSÁVEIS FAZEM PELA VIDA<div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);">Por Ludovico Agrícola *<br /><br /><span style="font-weight: bold;">É UMA NOVA</span> raça de homens que costuram a história, a economia e as empresas à medida dos seus interesses pessoais, porque sabem que esses interesses só podem ser os interesses da Pátria e da República, ou seja, de Portugal (tal como os interesses da General Motors eram, há meio século, os interesses dos EUA, só para dar um exemplo edificante).<br /><br />Quem são esses homens, que tão justificadamente se consideram «trabalhadores incansáveis»? Escolhemos apenas alguns exemplos dessa minoria de iluminados que faz soar bem alto o nome de Portugal.<br /><br />Desde logo, esse admirável trabalhador corticeiro que é Américo Amorim, porventura o maior de todos. Apesar das grandes dificuldades que enfrenta, num país em crise, para garantir a sua sopinha quotidiana (suspeitamos que recorre à caridade discreta da piedosa Isabel Jonet, trabalhadora incansável do mesmo jaez), Américo continua a batalhar como um verdadeiro herói da classe operária e acaba de comprar um banco no Brasil (que, ao que se sabe, não é propriamente um banco de cozinha). Américo continuará, assim, a flutuar como uma rolha de cortiça.<br /><br />Vem depois Alexandre Soares dos Santos, o grande merceeiro de Portugal. É outro trabalhador incansável que luta como um danado pelas suas batatas e verduras quotidianas (suspeita-se que também recorre à discretíssima Jonet). Alexandre tem um acendrado amor à Pátria, à República e, claro, às instituições democráticas (embora considere todos os políticos uns safados, com excepção do doutor Barreto dos milagres, que transforma rebuçados em livros, acolitado pelo Fernandes, o maior jornalista português de todos os tempos). Mas o incansável e extremoso Alexandre é também cidadão atento, venerador e obrigado em relação ao patriótico governo encabeçado pelo amoroso Pedro Passos Coelho. Por isso decidiu seguir os incitamentos à emigração produzidos pelo nosso querido primeiro-ministro, pisgando-se, todo ladino e enquanto o diabo esfrega um olho, para os Países Baixos, ou seja, para a Holanda.<br /><br />Segue-se o inefável Eduardo Catroga, muito conhecido pela fineza do trato e pela subtileza da sua língua de palmo (além da lista de tachos em empresas várias, que acumula com uma pensão porreiríssima, e que lhe servem para arredondar os fins de mês). Pois o nosso bom Eduardo andava por aí aos caídos quando o convidaram para ir supervisionar a EDP do António Mexia, a troco de uns parcos tostões que nem dão para fazer cantar um cego ou transformar rebuçados em livros: 639 mil euros por ano. Uns «pentelhos», dirá ele. Mas Catroga é trabalhador incansável (mais um) e aceitou o sacrifício pelo bem da Pátria e da República e, já agora, da austeridade imposta aos portugueses - para bem dele(s)…<br /><br />Muito conhecida pelas suas ligações ao sector da energia (que é coisa que não lhe falta, diga-se em abono da verdade), a protuberante Celeste Cardona, trabalhadora incansável oriunda do Largo do Caldas, também vai abichar 57 mil euros por ano (uma ninharia) para trabalhar em <span style="font-style: italic;">part time </span>junto do Catroga, a supervisionar o Mexia. Quando alguém dos jornais se atreveu a questioná-la, a energética Celeste pôs a mão na anca e atirou, toda rouca: «Mal estaríamos se os privados não pudessem fazer escolhas em Portugal». «Ah, fadista!», exclamaram os privados…<br /><br />Todos estes trabalhadores incansáveis fazem pela vida - e fazem jus aos insistentes apelos à equidade fiscal, social e sacrificial, expelidos pelo nosso tão bondoso Presidente da República, Cavaco Silva. Todos eles o apoiaram nas campanhas para a eleição e reeleição. E pelo menos um deles, o grandessíssimo Eduardo Catroga, provém do círculo selecto e restrito de conselheiros do herói de Boliqueime, quando este era só primeiro-ministro. E quem não se lembra, por exemplo, do buliçoso António Dias Loureiro, afortunado herdeiro de múltiplas heranças, que gosta tanto de fazer a sesta em Cabo Verde? E do excelso banqueiro José Oliveira e Costa, que chegou a dar com os costados na choça e nunca mais é julgado? Estes, para já nem falar de outros trabalhadores incansáveis oriundos da São Caetano à Lapa que continuam a coleccionar marmitas, tachos, cantis e pensões do caraças, só para fugirem à fome e ao desemprego, garantindo o pão que o diabo amassou. E, já agora, as sopinhas…<br /><br />Gosto muito, confesso, de seguir o percurso destas porreiríssimas e adoráveis criaturas, autêntica tropa fandanga de alto coturno que integra o selectíssimo Clube dos Direitos Adquiridos. Tal é a oportuna designação que foi escolhida para homenagear o famoso empresário Ângelo Correia (avesso aos direitos adquiridos pela populaça, mas não aos que são conquistados por trabalhadores tão incansáveis como ele), mentor do nosso querido primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o qual também é conhecido como o «Obama de Massamá» e considerado pela excelsa e imparcial jornalista Felícia Cabrita como «um homem invulgar», que agora governa este «país de trapos» endividado até às orelhas. Uma estafa…<br /><br />Américo, Alexandre, Catroga, Cardona, Coelho, Paulinho, Gaspar & Cia., a mesma luta! P’rá frente camaradas, que para trás mija a burra!<br /></div>--<br />* Autor de seis crónicas publicadas no «Expresso» em 2011Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-23999283570913039812011-12-16T12:50:00.002+00:002011-12-16T13:03:27.179+00:00«NÃO HÁ ALTERNATIVA – TRINTA ANOS DE PROPAGANDA ECONÓMICA» – DE BERTRAND ROTHÉ E GÉRARD MORDILLAT(Apresentação do livro)<br /> <br /><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"><div style="text-align: center;">1.<br /></div><span style="font-weight: bold;">COMEÇO</span> por uma constatação: o capitalismo desregulado e sem controlo – que tem prevalecido no mundo durante as últimas três décadas (1980-1990-2000), e que nos mergulhou nesta crise brutal cujo fim não está à vista – tornou-se incompatível com a democracia.<br />Porque a democracia não é apenas um princípio político – a regra da maioria. É também um princípio social – a constante procura da igualdade de condições.<br />Ora, aquilo a que hoje assistimos em todo o mundo é ao preocupante aumento das desigualdades e à escandalosa concentração da riqueza nas mãos de uma ínfima minoria de ultra-privilegiados.<br /><br /><div style="text-align: center;">2. <br /></div><span style="font-weight: bold;">ESTE</span> magnífico livro panfleto contra a doutrina neoliberal explica-nos, com bastante clareza e poder de síntese, como tudo começou, há 30 anos – com Margaret Thatcher (na Grã-Bretanha, desde 1979) e com Ronald Reagan (nos EUA, desde 1981).<br />E identifica, também, as duas principais fontes da doutrina, que são:<br />– Friederich von Hayek (1899-1992), o ‘deus’ criador da ‘religião’ neoliberal e fundador da respectiva ‘igreja’ (a pouco conhecida <span style="font-style: italic;">Société du Mont-Pélérin </span>criada na Suíça em 10 de Abril de 1947), e também autor de um <span style="font-style: italic;">best-seller</span> anticomunista – mas, sobretudo, contra o Estado-Providência – intitulado «O CAMINHO DA SERVIDÃO» (que mereceu uma versão abreviada distribuída em 600 mil exemplares pela <span style="font-style: italic;">Reader’s Digest</span>, em 1947);<br />– e Milton Friedman (1912-2006) (também membro da <span style="font-style: italic;">Société du Mont-Pélérin</span>), ‘papa’ da ‘igreja’ neoliberal e autor do livro «CAPITALISM AND FREEDOM» (publicado em 1962). Foi ele quem forjou os conceitos fundamentais da doutrina e organizou a famosa Escola de Chicago (monetarista) – que se tornaria um viveiro do neoliberalismo, e serviria de base às políticas económicas de Reagan e Thatcher.<br /><br /><div style="text-align: center; font-weight: bold;"><span style="font-weight: normal;">3.</span><br /></div><span style="font-weight: bold;">PARA</span> Hayek e para Friedman, tal como para os seus discípulos e seguidores: <span style="font-style: italic;">«não há alternativa ao capitalismo»; pior ainda: «não há alternativa ao (neo)liberalismo».</span><br />Ora, o título principal deste livro – «NÃO HÁ ALTERNATIVA» – é precisamente a tradução de uma famosa frase proferida por Margaret Thatcher, <span style="font-style: italic;">«There Is No Alternative»,</span> cujo acrónimo é TINA.<br />Como afirmam os autores do livro – o economista Bertrand ROTHÉ e o escritor e cineasta Gérad MORDILLAT – <span style="font-style: italic;">«TINA é a arma ideológica inventada pela minoria neoliberal para impor ao mundo as suas opções. Ao repetir que ‘não há alternativa’, o novo establishment transforma o jogo político num ultimato permanente. Ponto final na reflexão. Ponto final no debate democrático. Doravante, a mensagem é a seguinte: ‘Votem em nós ou irão desaparecer’. É um simplismo, um pensamento único».</span><br /><span style="font-style: italic;">«A contra-revolução neoliberal é essencialmente antidemocrática» </span>– já o afirmou Paul Krugman. <span style="font-style: italic;">«De facto, nenhuma maioria de eleitores desejaria reduzir a cobertura social que protege a generalidade dos cidadãos. Nunca. O único meio de forçar a mão do povo é levá-lo a acreditar que não há alternativa»</span> - acrescentam ROTHÉ e MORDILLAT.<br /><br /><div style="text-align: center;">4.<br /></div><span style="font-weight: bold;">NA SUA</span> obra «CAPITALISM AND FREEDOM», Milton Friedman explica-nos que, como a obtenção do lucro é a essência da democracia neoliberal, todo o governo que conduza políticas que contrariem o mercado está a portar-se de forma antidemocrática – sendo irrelevante o apoio de que goze por parte de uma população esclarecida.<br />Foi esta visão absolutamente perversa da democracia que fez com que ele próprio e Friederich Hayek não levantassem quaisquer objecções ao golpe de Estado do general Augusto Pinochet, no Chile – que depôs, em 1973, o governo democraticamente eleito do presidente Salvador Allende, – dado que este estava a interferir com o controlo dos negócios da sociedade chilena.<br />Friederich Hayek foi mesmo ao ponto de declarar, em defesa do indefensável Pinochet, o seguinte: <span style="font-style: italic;">«Pessoalmente, prefiro uma ditadura liberal a um governo democrático completamente alheado do liberalismo».</span><br />Foi essa «ditadura liberal», brutal e selvagem, que os <span style="font-style: italic;">Chicago boys </span>de Milton Friedman ajudaram a sustentar durante 15 anos, transformando-a num autêntico laboratório experimental das políticas neoliberais preconizadas e ensinadas por Hayek e Friedman.<br /><br /><div style="text-align: center;">5.<br /></div><span style="font-weight: bold;">ENTRETANTO,</span> ficou a saber-se há pouco tempo que Friedrich Hayek, o ‘profeta’ venerado pelo general Pinochet e por Margaret Thatcher, não quis visitar os EUA em 1973 – a convite do milionário norte-americano Charles Koch, um dos pilares do desmantelamento do Estado-Providência – por ter medo de perder os seus direitos à Segurança Social no seu país, a Áustria.<br />Hayek – que nos seus discursos e palestras proclamava que a Segurança Social é <span style="font-style: italic;">«essencialmente um absurdo»</span> que urge banir – explica com todo o detalhe, na correspondência que trocou com Charles Koch, os benefícios sociais a que tinha direito, e que não queria arriscar-se a perder.<br />Para além da hipocrisia pessoal, o que aqui se manifesta é a hipocrisia de um discurso que consiste em fazer crer às pessoas que se pretende proteger a sua responsabilidade e a sua liberdade de escolha – quando elas são despojadas dos seus direitos sociais e do seu dinheiro para encher os bolsos da ínfima minoria dos mais ricos do planeta.<br /><br /><div style="text-align: center;">6.<br /></div><span style="font-weight: bold;">TAMBÉM</span> se tornou patente que o sistema neoliberal gera um importante e inevitável subproduto: uma cidadania despolitizada, caracterizada pela apatia e pelo cinismo.<br />O neoliberalismo é o primeiro e imediato inimigo de uma genuína democracia participativa. Claro que actua melhor quando existe uma democracia eleitoral formal, mas precisa que a população seja desviada das fontes de informação e dos debates públicos que a habilitem a formar opinião e a intervir nos processos de tomada de decisão.<br />A partir da noção crucial de «mercado <span style="font-style: italic;">über alles</span>», a democracia neoliberal cria centros comerciais em vez de espaços comunitários e produz consumidores em vez de cidadãos. E o resultado prático é uma sociedade atomizada, constituída por indivíduos desenraizados que se sentem desmoralizados e socialmente impotentes.<br /><br /><div style="text-align: center;">7. <br /></div><span style="font-weight: bold;">NÃO QUERO</span> roubar aos presentes o prazer da leitura deste livro revelador, mas vale a pena evocar alguns factos e números que marcam a experiência do neoliberalismo – doutrina responsável por aquilo a que costumo chamar «ditadura financeira de fachada democrática».<br />Antes de mais, um exemplo de retrocesso, que os autores do livro registam logo nas primeiras páginas:<br />– Durante as três décadas que se seguiram à II Guerra Mundial (1950-1960-1970), os patrões das grandes empresas recebiam entre 40 a 50 vezes mais do que o salário de um operário, ao passo que hoje recebem entre 400 a 500 vezes mais (historiadores americanos chamaram a esse fenómeno <span style="font-style: italic;">«the great compression» </span>(«a grande compressão») por analogia com «a grande depressão»).<br />Depois, o balanço dos 15 anos de governação Margaret Thatcher (1979-1990), está longe de ser famoso:<br />– Com a «Dama de Ferro», o egoísmo voltou a ser uma virtude, reflexo e prolongamento das privatizações, da maximização dos lucros, das inúmeras reestruturações, do desemprego, da destruição do poder dos sindicatos, do desenvolvimento do <span style="font-style: italic;">offshore,</span> da desregulamentação, da desindustrialização, da multiplicação de serviços de todo o tipo e da criação de um imposto regressivo (concebido de forma a que, os muitos que têm rendimentos mais baixos, paguem proporcionalmente mais do que os poucos que têm rendimentos mais altos);<br />– O resultado desta política foi um brutal aumento das desigualdades e um crescente endividamento das classes médias (iludidas pela facilidade de acesso ao crédito e à propriedade imobiliária e mobiliária);<br />– Além disso, o desemprego triplicou, atingindo, em meados de 1981, o record de 3 milhões de desempregados (eram menos de 1 milhão quando Thatcher tomou posse, em 1979);<br />– E a inflação duplicou entre 1979 e 1981 (passando de 10 % para cerca de 20 %, e continuando nos dois dígitos no final da década de 1980), apesar de Thatcher ter imposto uma política de austeridade, com o objectivo prioritário de reduzir a inflação, e que conduziu o país a uma grave recessão.<br />Também o resultado das políticas de Reagan – que ficaram a ser conhecidas pela expressão <span style="font-style: italic;">«Reaganomics»</span> – está longe de ser famoso:<br />– Os quatro pontos cardiais da <span style="font-style: italic;">«Reaganomics»</span> eram: diminuir as despesas públicas (<span style="font-style: italic;">«O Estado não faz parte da solução, faz parte do problema»</span>, dizia Reagan); baixar os impostos (dos mais ricos); desregulamentar (a actividade económica e financeira); acabar com a inflação;<br />– Mas o maior dano que Ronald Reagan causou foi no défice orçamental, ao retirar biliões de dólares do erário público para financiar a famosa <span style="font-style: italic;">«guerra das estrelas».</span> O anticomunismo visceral de Reagan sobrepôs-se, neste caso, às suas tão proclamadas convicções neoliberais, afirmando, contra todas as evidências, que: <span style="font-style: italic;">«É possível baixar os impostos, aumentar as despesas do Pentágono e equilibrar o orçamento».</span> Aumentou maciçamente o orçamento da Defesa, mas deu origem a um défice orçamental abissal (que se tornaria estratosférico com George W. Bush, na década de 2000).<br /><br /><div style="text-align: center;">8.<br /></div><span style="font-weight: bold;">A PARTIR </span>do final da década de 1970, assistimos a uma espécie de <span style="font-style: italic;">«revolução silenciosa» </span>que criou <span style="font-style: italic;">«uma nova classe de ultra-privilegiados, ‘que enriquecem mesmo enquanto estão a dormir’» </span>(no espaço de 40 anos, por exemplo, cada 10 euros investidos em acções foram multiplicados por 45).<br />Simultaneamente, <span style="font-style: italic;">«sem grandes conflitos, sem aparente violência, por vezes até com o assentimento popular, os dirigentes económicos tomaram o poder»</span> e remeteram os políticos para um plano secundário. Esta vitória do capitalismo ultraliberal teve por preço um aumento brutal das desigualdades, alargando o fosso que separa a ínfima minoria de ultra-privilegiados da esmagadora maioria das classes médias e das classes populares.<br />Aumentaram os rendimentos das elites, a rentabilidade das empresas, assim como os rendimentos e patrimónios dos accionistas, beneficiados pela nova regra de pelo menos 15 % de rentabilidade dos investimentos.<br />Com esta nova regra, inverteram-se as relações de força entre o capital e o trabalho, entre os accionistas e os assalariados. Passou a prevalecer o partido do dinheiro, apesar de ser ultraminoritário. Em 2005, cerca de 300 milhões de accionistas – 90 % dos quais concentrados na América do Norte, na Europa Ocidental e no Japão – controlavam a capitalização bolsista mundial.<br /><br /><div style="text-align: center;">9.<br /></div><span style="font-weight: bold;">O NEOLIBERALISMO</span> acabou por instalar progressivamente na sociedade uma «economia do medo» e um «estado de excepção permanente» – através da propaganda a cargo dos <span style="font-style: italic;">fast thinkers</span> e dos «<span style="font-style: italic;">Lucky Luke </span>da economia» – e graças ao controlo dos principais meios de comunicação (propriedade dos grandes grupos económicos).<br />Os <span style="font-style: italic;">fast thinkers,</span> como lhes chamava Pierre Bourdieu, são os intelectuais e editorialistas mediáticos sempre prontos a intervir no imediato em defesa dos poderes do dia, do «partido do dinheiro», do establishment económico e financeiro neoliberal.<br />Os «<span style="font-style: italic;">Luky Luke</span> da economia», são os economistas, os ex-ministros das Finanças frustrados e os jornalistas económicos que aparecem constantemente nas televisões a pensar «mais depressa do que a própria sombra», a reciclar ideias e homens a uma velocidade surpreendente, e que são capazes de defender tudo e o seu contrário, para intimidar os cidadãos e defender o «partido do dinheiro».<br />Como afirmam os autores deste livro: <span style="font-style: italic;">«Hoje, o medo tornou-se uma forma habitual de gestão das empresas, e mesmo da própria governação. Um medo que deve justificar tudo, e tudo mergulhar num nevoeiro suficientemente espesso para que os responsáveis pelas catástrofes económicas não sejam nunca postos em causa e possam escapar graças a várias argúcias».</span><br />Como escreve o economista e jornalista espanhol Joaquín Estefania no seu livro «LA ECONOMIA DEL MIEDO» (publicado em Novembro passado): <span style="font-style: italic;">«Hoje, já não se trata apenas dos temores tradicionais à morte, ao inferno, à doença, à velhice, à vulnerabilidade, ao terrorismo, à guerra, à fome, às radiações nucleares, aos desastres naturais, às catástrofes ambientais, mas também – e convém não banalizar as diferenças – do medo a esse novo poder fáctico a que chamam ‘a ditadura dos mercados’, que tende a reduzir os benefícios sociais e as conquistas da cidadania económica do último meio século; medo a ficar sem esse bem cada vez mais escasso que se chama trabalho, medo a que se reduza o nosso poder de compra, medo ao subemprego, medo à marginalização económica e social».</span><br />Foi a este ponto que chegámos 30 anos depois do início da «contra-revolução neoliberal». E é aqui que estamos, sem sabermos ainda muito bem como sair desta crise esmagadora e terrível. Mas há, tem de haver, alternativas!<br />Entretanto, é bastante útil ler este livro, muito bem traduzido por João Carlos Alvim e oportunamente editado pela VEGA, apenas seis meses depois da sua publicação em França.<br /></div><br />Livraria Barata, Lisboa, 14 de Dezembro de 2011Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-59753071868987635442011-12-12T21:25:00.003+00:002011-12-12T21:26:02.532+00:00Convite<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwFCq5LHpyT0hqXXzPJlHuZ8bMAGj1C8UrNe9VykwuWwC-rscU816kAHyX5SsVZ_2WnzeEz3yNFbTSNtDGFPQSHW_ls4rGCFeZCcV7olTg_eS28OXn_MHukLAIZcc4w1P77wArfYdddkI/s1600/AB1.bmp"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 252px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwFCq5LHpyT0hqXXzPJlHuZ8bMAGj1C8UrNe9VykwuWwC-rscU816kAHyX5SsVZ_2WnzeEz3yNFbTSNtDGFPQSHW_ls4rGCFeZCcV7olTg_eS28OXn_MHukLAIZcc4w1P77wArfYdddkI/s400/AB1.bmp" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5685356230808782450" border="0" /></a><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgl26VwyBoPNs5swG1FrjZzE66OBHJ8OHcSbmzHUckW8-EDl8wR0q26x-y0mxxmvrnRXVmvX7IRXLqKSy-mapgUImGeQ2MJxT57yW7TaUmudhQpg5cV0s4lDg7CC6vJa1r1GcV4ApMvSW4/s1600/AB2.bmp"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 298px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgl26VwyBoPNs5swG1FrjZzE66OBHJ8OHcSbmzHUckW8-EDl8wR0q26x-y0mxxmvrnRXVmvX7IRXLqKSy-mapgUImGeQ2MJxT57yW7TaUmudhQpg5cV0s4lDg7CC6vJa1r1GcV4ApMvSW4/s400/AB2.bmp" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5685356108980043458" border="0" /></a>Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-3863763477837818092011-11-07T12:34:00.004+00:002011-11-07T12:54:40.855+00:00AS ESQUERDAS NO MUNDO - A crise da social-democracia europeia<span style="color: rgb(255, 255, 255);">.</span><br />Publicado no <span style="font-style: italic;">«Le Monde Diplomatique»</span>, edição em português, de Novembro de 2011.<br /><div style="text-align: center;">.<br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size:90%;">A crise em que o neoliberalismo cada vez mais mergulha a Europa vai exigir respostas que convocam as sociedades como um todo, do movimento sindical e popular ao associativismo e às comunidades locais, dos espaços informais de debate à participação em todas as estruturas criadas pelo poder democrático local ou nacional. O sistema partidário, base da representação democrática, é um dos palcos onde se joga parte importante da reflexão e das escolhas políticas e ideológicas que poderão traduzir-se, ou não, na reabilitação da democracia, na defesa do Estado social e no combate às oligarquias financeiras que minam as finalidades igualitárias e universalistas que ainda se afiram nas sociedades. Em Portugal como noutros países europeus, de que lado vão colocar-se os partidos da Internacional Socialista, que se reivindicam da social-democracia?</span><br /></div><div style="text-align: center;">*<br /></div><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"><span style="font-weight: bold;">FACE À GRAVÍSSIMA </span>crise em que a Europa está mergulhada desde 2008, é preocupante constatar a incapacidade dos partidos membros da Internacional Socialista (IS) para formular e apresentar propostas políticas, económicas e sociais que constituam verdadeiras alternativas às políticas neoliberais que estão a corroer a democracia, o Estado social e a própria União Europeia<br /><br />Não é um problema exclusivamente grego ou português. É um problema que afecta toda a social-democracia europeia. E a questão é esta: como explicar que o evidente fracasso do neoliberalismo – que vem desencadeando, há mais de uma década, crises económicas e financeiras cada vez mais graves – não tenha provocado uma forte reacção política e um sobressalto ideológico dos partidos da esquerda europeia que alternam no poder com partidos de direita?<br /><br />A resposta não é difícil de encontrar. Através de uma metamorfose a que Antonio Gramsci chamou «transformismo», a maioria dos partidos da Internacional Socialista foi-se tornando, sobretudo a partir da última década do século XX, uma «variante social-democrata do neoliberalismo», tal como o thatcherismo se tornara uma «variante neoliberal do conservadorismo clássico».<br /><br />Princípios e valores como a igualdade, a solidariedade e a universalidade – que constituíam a base do compromisso histórico da social-democracia – foram sendo substituídos por palavras de ordem tão apelativas e equívocas como: «criação de riqueza», «reforma» e «modernização».<br /><br />No vocabulário dos partidos da IS passaram a predominar termos de cariz ideológico claramente conservador. Por exemplo: «equidade» e «livre escolha», «indivíduo» e «família». Como que fazendo-se eco da sentença proferida em 1987 pela «papisa» do neoliberalismo, Margaret Thatcher: <span style="font-style: italic;">«Sociedade é coisa que não existe. Só o indivíduo e a família existem»</span>. E como se os mais pobres pudessem usufruir da «livre escolha» numa sociedade totalmente mercantilizada, dominada pelo poder do dinheiro, pela ganância e pelo lucro.<br /><br />Agitando a bandeira da «modernização» – empunhada, a partir do final do século XX, por Tony Blair («New Labour») e Gerhard Schröder («Novo Centro») – os partidos socialistas, social-democratas e trabalhistas europeus optaram por identificar-se apenas com as classes médias, desinteressando-se de representar também os interesses das classes baixas, cujas reivindicações foram consideradas «arcaicas» ou «retrógradas». Não surpreende que os partidos populistas de direita e extrema-direita tentem explorar esse terreno vago.<br /><br />Começou então a ser recorrente o discurso justificativo da famosa «terceira via», com afirmações do género: «as diferenças entre a esquerda e a direita são obsoletas»; «não há alternativa à globalização neoliberal»; «nada temos contra quem consegue acumular grandes fortunas». Para Tony Blair, este era um sinal identificador da chamada «esquerda moderna», que dizia representar.<br /><br />A social-democracia contribuiu, assim, para a «colonização» da sociedade civil por uma espécie de «senso comum neoliberal», bem patente nos vocábulos, nos conceitos e no discurso produzidos pelas elites dirigentes.<br /><br />A «empresa» passou a ser o novo modelo do Estado, tal como a «gestão empresarial» o novo modelo de direcção dos organismos estatais. O sector público passou a ser considerado, por definição, ineficaz e ultrapassado – designadamente «por visar objectivos sociais que vão muito para além da estrita eficácia económica e da rentabilidade». Para os neoliberais, mesmo o Estado exíguo só pode salvar-se se cumprir religiosamente as regras que o mercado impõe.<br /><br />O «homem de negócios» e o «empreendedor» foram elevados à categoria de heróis e exemplos a seguir, e o «empreendedorismo» passou a ser um termo recorrente no discurso dos políticos e tecnocratas que alternam no poder.<br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold;">«Esquerda moderna» e «nova direita»</span><br /></div><br /><span style="font-weight: bold;">A CHAMADA</span> «esquerda moderna» foi-se aproximando, assim, da «nova direita», claudicando perante a hegemonia das ideias ultraliberais.<br /><br />Esta hegemonia é justificada, no discurso neoliberal, pelo «desabrochar de um novo individualismo», pelo «advento da nova sociedade pós-industrial», pela «revolução tecnológica», pela luta do capital em prol do seu direito a gerir o mundo e pela globalização da economia internacional (que foi o meio encontrado pelo capital para se expandir e sair do impasse em que se encontrava) – como salienta o sociólogo Stuart Hall, nos ensaios que escreveu sobre o <span style="font-style: italic;">«populismo autoritário»</span> de Margaret Thatcher e de Tony Blair.<br /><br />Recorrendo a outra ferramenta conceptual gramsciana, é fácil constatar que estamos perante um exemplo de «hegemonia cultural», que a direita foi impondo e consolidando para melhor controlar o poder político. Essa hegemonia foi obtida graças ao apoio do poder económico e financeiro e à enorme pressão que este exerce, quer sobre os mais importantes órgãos de comunicação social (que lhe pertencem), quer sobre os partidos políticos dominantes (que financia).<br /><br />Constituiu-se, assim, parafraseando Antonio Gramsci, um «bloco histórico» dominado pelos partidos da direita neoliberal, que arrastam atrás de si os partidos socialistas, social-democratas e trabalhistas.<br /><br />Os partidos membros da IS tornaram-se uma espécie de organismos híbridos constituídos por duas tendências: a tendência neoliberal, que ocupa a posição dominante, sobretudo quando o partido está no governo, e que se traduz, basicamente, na aceitação do fundamentalismo do mercado; e a tendência social-democrata, subordinada e marginal, cujo objectivo essencial é conservar apoios da esquerda tradicional, sobretudo quando se aproximam eleições.<br /><br />Esta duplicidade implica o recurso a várias habilidades retóricas, para tentar iludir a óbvia contradição entre as duas tendências e tentar disfarçar a dimensão subalterna das propostas social-democratas nos programas políticos apresentados ao eleitorado. Os termos «modernização» e «reforma» tornaram-se recorrentes, tanto no discurso dos social-democratas como no dos neoliberais.<br /><br />Stuart Hall identificou os principais objectivos dessa «reforma» considerada «modernizadora»: abrir a via aos investimentos privados e tornar cada vez mais difusa a distinção entre público e privado; cumprir à risca os critérios de eficácia e rentabilidade impostos pelo mercado; instalar a autoridade do gestor empresarial (o <span style="font-style: italic;">manager</span>) aos comandos da administração pública; reformar as práticas do trabalho acentuando a sua individualização; incitar os assalariados a concorrerem uns contra os outros através de instrumentos de motivação financeiros que minam a negociação colectiva; «quebrar a espinha» aos sindicatos diminuindo o seu poder reivindicativo; reduzir drasticamente os efectivos e os custos dos serviços públicos; colocar e/ou manter os salários do sector público abaixo dos salários do sector privado; reorganizar os serviços segundo o princípio do funcionamento «a duas velocidades», através da chamada «selectividade».<br /><br />Assim se tenta constituir, por exemplo, um serviço nacional de saúde e um ensino «a duas velocidades»: uma para os ricos, livres de escolher entre público e privado, e capazes de desenvolver os seus próprios sistemas privados de saúde e de formação escolar (diminuindo o contributo para a sustentabilidade dos sistemas públicos); outra para os pobres, abandonados à sua sorte, impotentes perante o esvaziamento dos cofres públicos, o fim da protecção social, do salário mínimo, do direito ao trabalho e à sua duração fixada na lei. Isto em detrimento dos princípios basilares da solidariedade, igualdade e universalidade. E abrindo caminho para, por exemplo, tornar a saúde um dos sectores mais lucrativos para o investimento privado, através da construção e gestão de hospitais públicos.<br /><br />Seguindo o exemplo do «blairismo», a comunicação política tem sido a arma fundamental dos partidos da IS, na tentativa de conciliar o inconciliável e de justificar o injustificável – como, por exemplo, a pesca à linha que têm vindo a fazer nos programas políticos da direita neoliberal, com o objectivo de conquistar votos no «grande centro» ou «centrão». Trata-se de «envernizar», recorrendo à retórica, propostas políticas neoliberais, tornando-as mais atractivas aos olhos dos seus eleitores tradicionais: classes médias e classes populares.<br /><br />Reduzindo a política à comunicação e à gestão da opinião, para seduzir os diferentes públicos, vários partidos da IS terão conseguido realizar efemeramente a quadratura do círculo, conquistando muitos votos ao centro e à direita, mas terão perdido seguramente a alma e a coerência ideológica e política. Tal mudança não foi só em direcção ao «centro». Foi sobretudo em direcção ao chamado «centro do centro», afastando-se assim esses partidos da sua caracterização, aliás bastante discutível, como partidos de centro-esquerda.<br /><br />O «centro do centro» corresponde àquilo a que Maurice Duverger chamou o <span style="font-style: italic;">«juste milieu»</span>. É evidente que ele tinha razão quando afirmou, há mais de 40 anos, no livro intitulado <span style="font-style: italic;">La Démocratie sans le peuple</span> (publicado em 1967), o seguinte: «<span style="font-style: italic;">O centrismo favorece a direita. Aparentemente, as coligações do </span>“juste milieu” <span style="font-style: italic;">são dominadas, ora pelo centro-direita, ora pelo centro-esquerda, seguindo uma oscilação de fraca amplitude. (…) Estas aparências mascaram uma realidade completamente diferente. Por trás da ilusão de um movimento pendular, o centro-direita domina quase sempre. (…) Em vez de implicar uma transformação lenta mas regular da ordem existente, a conjunção dos centros desemboca no imobilismo, ou seja, no triunfo da direita».</span><br />O «centro do centro» é, pois, um território propício a renúncias ideológicas e abdicações políticas, invocados os superiores interesses da Nação, do País ou do Estado, consoante a carapuça que cada partido queira enfiar.<br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold;">Letargia ideológica e política</span><br /></div><br /><span style="font-weight: bold;">ANTONIO</span> Gramsci dizia que <span style="font-style: italic;">«a crise é quando o que é velho está a morrer e o que é novo não consegue nascer».</span> Estamos a assistir à agonia do capitalismo financeiro, que pode ser longa e ter consequências ainda mais devastadoras, mas a social-democracia continua em estado de letargia ideológica e política, quando dela seria legítimo esperar a formulação de propostas diferentes e inovadoras, claramente distintas do neoliberalismo vigente.<br /><br />Os partidos da IS deviam promover a crítica do individualismo dominante e reabilitar os valores da solidariedade, igualdade e universalidade, ferramentas conceptuais indispensáveis à formulação das políticas públicas. Deviam combater o cepticismo e a desconfiança em relação à social-democracia, cujo papel histórico corre o risco de ser ultrapassado pelo sentimento generalizado entre os cidadãos de que não há alternativa, de que não podem influir no curso dos acontecimentos porque os mecanismos democráticos já não conseguem funcionar sob o peso de uma necessidade histórica e económica esmagadora.<br /><br />A social-democracia europeia não devia apresentar-se ao eleitorado como mera alternativa formal, tão-só capaz de gerir menos mal ou de gerir melhor que a direita neoliberal. Devia apresentar propostas políticas inovadoras e mobilizadoras, incutindo nos cidadãos confiança na capacidade de regeneração das sociedades democráticas e inculcando neles o sentimento de que continua a ser possível fazer escolhas democráticas claramente diferenciadas.<br /><br />Jacques Attali, que está longe de ser suspeito de esquerdismo, escreveu há poucas semanas no <span style="font-style: italic;">L’Express </span>que já há quem reconheça que <span style="font-style: italic;">«esta crise foi consequência do enfraquecimento da parte dos salários no valor acrescentado». </span><br /><br />Declaração surpreendente, vinda de quem vem. Mas Attali ainda foi mais longe. Contrariando os adeptos da chamada «globalização feliz», ousou afirmar que, <span style="font-style: italic;">«se a diminuição do custo do trabalho fosse o factor-chave para sair vencedor da competição internacional, então o Haiti e o Bangladeche seriam os grandes campeões da globalização»</span>. Este reconhecimento tardio, verdadeiro «acto de contrição», vai claramente contra a teoria dominante da austeridade salarial, que continua a ser aplicada sem contemplações. Mas Attali não está só.<br /><br />Num documento de trabalho (<span style="font-style: italic;">working paper</span>) sobre «Endividamento e desigualdades», datado de Dezembro de 2010, encomendado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e coordenado por dois economistas – Michael Kumhof e Roman Rancière – pode ler-se o seguinte: <span style="font-style: italic;">«Restabelecer a igualdade redistribuindo os rendimentos dos ricos pelos pobres, não agradaria só aos Robin dos Bosques do mundo inteiro; poderia também poupar à economia mundial uma nova crise de grandes proporções».</span><br /><br />Em entrevista recente, Rancière reafirma que uma das grandes alavancas da luta contra o crescimento das desigualdades consiste, pura e simplesmente, no aumento dos salários das classes médias e baixas. E acrescenta: <span style="font-style: italic;">«Imposta ou negociada, a recuperação dos rendimentos dos trabalhadores é a mais segura das respostas para evitar a recaída nos diversos problemas que conduziram à crise. Sem o que, como mostra o nosso estudo, há fortes probabilidades de voltarmos a ser confrontados com o mesmo cenário» (Marianne,</span> 25 de Junho de 2011).<br /><br />Todavia, não são soluções como esta que se divisam no horizonte da crise. Aquilo a que assistimos é a mais cortes nos salários, ao aumento do desemprego (que dá vantagem aos patrões nas negociações salariais) e a uma concorrência cada vez mais feroz dos países emergentes, a par da desindustrialização de vários países da eurozona. O que significa, conforme salienta o economista Patrick Artus, que <span style="font-style: italic;">«os países da OCDE já conhecem ou vão conhecer uma travagem ou mesmo uma diminuição dos salários»</span> no futuro imediato.<br /><br />Artus afirma, aliás, que a Europa nada ganhará em alinhar numa política de <span style="font-style: italic;">«hipercompetitividade por compressão salarial»</span>, como a que pratica a Alemanha. Porque a União Europeia não pode ser um conjunto de Alemanhas, e porque, se os salários baixarem em todos os países europeus, nenhum conseguirá conquistar partes de mercado e todos sofrerão um recuo no consumo. Pior ainda: <span style="font-style: italic;">«reduzir os salários não melhora significativamente a competitividade em relação aos países emergentes, dada a enorme diferença de custos de produção entre estes países e os da OCDE [Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico]»</span>. Seria, portanto, um sacrifício inútil.<br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold;">A social-democracia e a austeridade</span><br /></div><br /><span style="font-weight: bold;">O FUTURO</span> da social-democracia depende muito da correcta interpretação destes sinais. Um novo paradigma não pode ser construído a partir de políticas de austeridade brutais, que contribuem para aumentar as desigualdades, a pobreza e o desemprego. Tem de ser construído com base em soluções que contribuam para atenuar os sacrifícios dos cidadãos e evitar a deflagração de novas crises. Nesta perspectiva, há vários instrumentos que são incontornáveis.<br /><br />Desde logo, a recuperação dos rendimentos dos trabalhadores, associada a outras alavancas essenciais da luta contra as desigualdades, designadamente: um forte aumento da progressividade do imposto sobre os rendimentos, erradicando os nichos fiscais em que os mais ricos costumam refugiar-se; e um controlo eficaz dos movimentos de capitais, através, por exemplo, da aplicação da taxa Tobin sobre as transacções financeiras, que a alta finança considera uma verdadeira bomba, de que nem quer ouvir falar. Sem um controlo efectivo da globalização, designadamente dos movimentos de capitais, será muito difícil, se não impossível, reduzir as desigualdades salariais.<br /><br />Também é essencial combater a corrupção, a fraude e a evasão fiscais, com instrumentos legais e meios materiais e humanos adequados, que tornem esse combate eficaz. Além disso, é indispensável impor fortes restrições na esfera financeira, cuja hipertrofia se alimenta do negocismo sem freio e do excesso de rendimentos e bonificações de que beneficia uma ultra-elite.<br /><br />Será muito difícil revolucionar ou reformar a social-democracia num só país. Por isso a Internacional Socialista devia promover a elaboração de uma espécie de programa comum da social-democracia, que seria um documento orientador dos programas dos partidos socialistas, social-democratas e trabalhistas, naturalmente distintos entre si e adaptados às realidades nacionais.<br /><br />Os partidos da IS têm de libertar-se da canga ideológica da «terceira via», da influência nociva do «blairismo» e da ilusão de que existe um «novo centro». Têm de renovar os discursos, refazer os programas e ancorar as novas propostas políticas em valores tão basilares como a soberania popular, a igualdade entre os cidadãos, a universalidade de direitos e a solidariedade social.<br /><br />O objectivo da social-democracia tem de ser o desenvolvimento humano, a justiça social e o bem-estar da maioria dos cidadãos através da justa redistribuição das riquezas, da garantia de sustentabilidade dos serviços públicos essenciais (Educação, Saúde, Segurança Social), da defesa do Estado democrático e dos direitos, liberdades e garantias fundamentais em que ele assenta.<br /><br />Parafraseando o título de um artigo de Joseph Stiglitz, o neoliberalismo é «o triunfo da cupidez». Os neoliberais são as famosas raposas de Lacordaire, à solta num galinheiro sem rede. As «reformas» que reclamam visam sobretudo satisfazer a cupidez dos plutocratas e a ganância das oligarquias financeiras.<br /><br />Alguém lembrou que, tal como Jesus Cristo anunciou o reino de Deus e foi a Igreja que apareceu, também o capitalismo anunciou o reino da Liberdade e foi a oligarquia financeira que apareceu (e a plutocracia que se instalou no poder).<br /><br />Moral da história: não é descurando a protecção dos galinheiros que se afugentam as raposas. Qualquer alternativa de esquerda ao neoliberalismo passa pela recuperação e renovação ideológica dos partidos da Internacional Socialista, pelo combate às oligarquias financeiras e pela reabilitação da democracia.<br /></div>Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-5349193630496332752011-09-20T09:12:00.001+01:002011-09-20T09:16:15.887+01:00UM HERÓI DO NOSSO TEMPO(Publicado no «Expresso» em 18 Outubro 1997)<br /><br /><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"><span style="font-weight: bold;">ESTOU A VÊ-LO </span>em cuecas, sempre grotesco e rasca, na primeira página do «Tal & Qual». Ou de copo de «whisky» na mão, a rir-se, no meio da sua trupe carnavalesca. Ou, ainda, vestido de palhaço, a fazer um manguito com o dedinho espetado para cima e a proclamar, muito ufano: «Quero que se foda a Assembleia da República! Já disse que me estou cagando para Lisboa! O País não se revê em Lisboa, naqueles parvalhões que andam por lá e têm a mania que mandam nisto tudo!». São imagens e palavras do presidente do Governo Regional da Madeira. É o retrato a corpo inteiro de Alberto João, o homem. No seu melhor. É o perfil de um vero herói do nosso tempo.<br /><br />Cito o ministro das Finanças, professor Sousa Franco: «Mesmo as obras colectivas têm os seus heróis. Ninguém hesitará em identificar como tais, com os seus defeitos e virtudes, João Bosco Mota Amaral, nos Açores, e Alberto João Jardim, na Madeira». Foi escrito no «Público» de terça-feira passada, dia 14 de Outubro. No mesmo dia em que, no semanário «O Diabo», Alberto João, o homem, agora também promovido à categoria de «herói», desancava «o polvo que vai tomando conta de Portugal», o «actual polvo socialista que ocupa quase todo o País», denunciando a «máquina de propaganda do polvo», a «propaganda plutocrato-socialista», e alertando para o «nojo em que tudo isto se vai transformando». Nem mais, nem menos.<br /><br />Será que estamos perante mais um caso de puro masoquismo político? Será que, nas relações entre o Governo da República e o Governo Regional da Madeira, também se aplica o ditado popular segundo o qual «quanto mais me bates mais gosto de ti»? O que eu (porventura «ninguém») posso dizer é que, com «heróis» do jaez de Alberto João, o homem, vou ali e já venho.<br /><br />O doutor António de Sousa Franco é, incontestavelmente, um professor muito competente e um reputado especialista em Finanças Públicas. A ele se deve, sem dúvida alguma, significativa parte do êxito da política de «rigor» orçamental deste Governo. Tem, ainda por cima, a preocupação de explicar, pelo seu próprio punho, as razões, os mecanismos e as consequências das suas decisões mais importantes. Independentemente dos méritos ou deméritos da tese que defende, o texto sobre «Finanças regionais - Novo rumo, vida nova», dado à estampa no «Público», é um modelo de clareza e coerência que se aplaude e que outros ministros deveriam porventura cultivar. Mas a verdade é que no melhor pano cai a nódoa e que só por razões que terão a ver com o calendário político e eleitoral se compreenderá que o ministro das Finanças não tenha resistido à tentação do elogio ditirâmbico, erigindo Mota Amaral (o que ainda é o menos) e Alberto João Jardim (o que é um escândalo) em heróis do nosso tempo. Francamente, não havia «nexexidade».<br /><br />O que fundamentalmente me preocupa - e julgo que preocupa muito mais gente neste País - é que o método político da ameaça, da chantagem e do ultimato, associado a constantes palhaçadas e aos insultos mais soezes e desbragados, não só tenha total vencimento, como, ainda por cima, seja objecto dos mais rasgados elogios. Num país à beira de eleições autárquicas e, sobretudo, à beira de um referendo sobre a regionalização do Continente, o sinal emitido por Sousa Franco, ao avalizar o comportamento político, considerado «heróico», de Alberto João, o homem, é deveras preocupante.<br /><br />Dizia um grande escritor francês, Romain Rolland, que «um herói é aquele que faz o que pode. Os outros não o fazem». Alberto João, o homem, faz seguramente o que pode, mas também o que não pode e o que não deve. Talvez por isso até mereça ser considerado um super-herói. Já outro grande escritor do nosso tempo, o italiano Primo Levi, dizia que «uma grande lição da vida é a de que os imbecis têm por vezes razão. Mas é preciso não abusar dela. Chama-se demagogia à arte de abusar dela». Alberto João, o homem, não tem feito outra coisa ao longo da sua já bem vasta carreira política.<br /><br />A complacência com que a generalidade da classe política portuguesa - e não apenas a actual - tem aturado, ao longo de quase duas décadas, as atitudes grotescas, os comportamentos grosseiros e as palhaçadas políticas do doutor Alberto João Jardim, acaba por ter agora, como perigosíssima consequência, a institucionalização de um modelo de herói do nosso tempo, que pode e deve ser seguido como exemplo por esse país fora. Em cuecas.</div>Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-66338083597103723872011-09-20T09:10:00.003+01:002011-09-20T09:16:41.677+01:00UBU, REI DO FUNCHAL(Publicado no «Expresso» em 4 Out 1997)<br /><br /><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"><span style="font-weight: bold;">ALBERTO JOÃO</span>, o homem, passou-se de todo. Politica e ideologicamente falando, está claro. Embora a loucura seja, nele, um estado normal, paulatina ou resignadamente aceite pelos governos da República, há quase duas décadas, conforme a cor dos «cubanos» que ocupam o poder no Terreiro do Paço. Se há bandeira que os mais ferrenhos adeptos da regionalização podem empunhar e desfraldar, neste país de opereta, é sem dúvida a que tem por símbolo essa figura grotesca que governa a Região Autónoma da Madeira como o Rei Ubu.<br /><br />A prosa que esta semana ele deu à estampa n’ «O Diabo» é simplesmente delirante. É como se ele estivesse a olhar para o seu próprio poder - para o modo como ele o exerce no Funchal e arredores - e quisesse exorcizar os fantasmas que o perseguem, deportando-os para o continente. O retrato que ele pinta do poder em Lisboa e regiões anexas é, bem vistas as coisas, um verdadeiro auto-retrato. Vai daí, denuncia os «porreirismos» e «narcisismos», os «bonzos do sistema», as «tríades» instaladas no poder, os «obedientes», os «serventes» e os «bem-comportados», a falta de «efectivo pluralismo» na comunicação social, a «franca recessão» das «liberdades públicas», a «infernal máquina de propaganda» e «o regime da subsídio-dependência para angariar votos», em suma: aquilo a que ele chama a «macaízação do Continente» e o «grave risco de mexicanização de Portugal». Caso para dizer que auto-retrato tão rigoroso e fiel de Alberto João, o homem, bem podia dispensar subsídios do governo regional.<br />Mas o grotesco não tem limites e a pândega criatura vai mesmo ao ponto de lançar um patético apelo à comunidade internacional: «É bom que as embaixadas acreditadas em Lisboa vão entendendo o que se passa...» (as reticências são dele). E o que é que Alberto João, o homem, propõe que se faça, enquanto a NATO e a ONU não intervêm para salvar a Pátria? Todo um programa que garanta, entre não muitas outras coisas, a «recuperação das Forças Armadas», o estabelecimento de «um eficaz aparelho de segurança», o «futuro das reformas dos que trabalharam», a «libertação da Cultura», uma «regionalização adequada e inteligente», uma «Agricultura interpenetrada com valores do mundo rural» e a defesa, «em absoluto», do Ambiente e dos Recursos Naturais, «em particular a água e os mares». Para tanto, é necessário «o privilegiar dos operacionais que o PSD tem e de qualidade», assim como «o fim disciplinado das excessivas discussões internas» (presume-se que dentro do PSD). E quem é o «líder operacional, culto, inteligente e criativo» capaz de levar a cabo tal empresa - quem é, quem é? O professor Marcelo Rebelo de Sousa, pois claro! Diz o Rei Ubu.<br /><br />Para quem não saiba, «Ubu Roi» é um personagem que «encarna todo o grotesco que existe no mundo» e que foi criado, há pouco mais de um século, pelo grande escritor francês Alfred Jarry (que por acaso morreu faz agora 90 anos). «Figura surgida da desordem e da sombra, emanação bruta e risível de um pensamento que não recua perante nada para se satisfazer a si próprio, magarefe temível, retórico implacável», como o descreve Charles Grivel, Rei Ubu tem, simultaneamente, a cruel voracidade de um «ogre» e a prosápia superlativa de um «fantasma desarticulado» que «horroriza e seduz pelas gargalhadas que provoca». Sempre que leio e releio os cinco ciclos de Ubu e olho para a sua iconografia, é a figura chapada de Alberto João, o homem, que me vem à cabeça.<br /><br />Não por acaso, a gesta delirante e as atribulações patéticas de Ubu, que começou por ser rei dos labregos, tiveram a sua primeira representação a cargo das marionetas do «Théâtre des Phynances», em 1888. Já então - e sempre - as finanças. Como no coro dos labregos em «Ubu Cocu»: «Dêem finanças - ao Pai Ubu. Dêem todas as finanças - ao Pai Ubu. Que não reste nada - nem um tostão escape - aos sovinas - que vêm sacá-las. Dêem todas as finanças - ao Pai Ubu»! Custa-me muito a crer que Alberto João, o homem, não tenha lido Alfred Jarry. Se ele não o leu, ainda é mais genial do que eu pensava. Rei Ubu é eterno e Alberto João, o homem, está cá na Terra - mais precisamente, no Funchal - para o demonstrar. O professor Sousa Franco devia meditar seriamente no assunto.</div>Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-45691769448926827542011-08-22T09:49:00.004+01:002011-08-22T20:07:12.609+01:00DE DOUTOR A ENGENHEIRO<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyiPiJhAiSMEAkwW40uU2rUeJKhtMfjlXioGQ_GBj3sDun4zO4hsltgzyC_h8cEwpkk1NRy8ov82rydC6th1RTDb0CHr83qpQE_ocIVXs8zmxcVZhQI2Ylc_1Kw1hrzFsM_ee4mI7uE7g/s1600/20+Ago+11+010.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 293px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyiPiJhAiSMEAkwW40uU2rUeJKhtMfjlXioGQ_GBj3sDun4zO4hsltgzyC_h8cEwpkk1NRy8ov82rydC6th1RTDb0CHr83qpQE_ocIVXs8zmxcVZhQI2Ylc_1Kw1hrzFsM_ee4mI7uE7g/s320/20+Ago+11+010.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5643749000434855554" border="0" /></a><span style="font-weight: bold; color: rgb(51, 51, 255);">BONDADE</span><span style="color: rgb(51, 51, 255);"> imensa a do Mário Crespo, que me encarrapitou nas cumeadas da república, logo a abrir a crónica que dedicou à altercação entre Teresa Caeiro e eu próprio na SIC Notícias. Claro que, quanto mais alto o cume, maior o trambolhão que eu daria. Mas, ao invés do que ele sugere, não sofro de qualquer «complexo do doutoramento nacional». Nunca fiz nem desejei fazer doutoramentos, muito menos um doutoramento </span><span style="font-style: italic; color: rgb(51, 51, 255);">ad hoc</span><span style="color: rgb(51, 51, 255);">.</span>
<br /><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);">
<br />A Licenciatura em Direito (que só dá direito a <span style="font-style: italic;">dr.</span>, não a <span style="font-style: italic;">Doutor</span> nem a <span style="font-style: italic;">Prof. Doutor</span>), obtive-a na Universidade de Lisboa no tempo da outra senhora. Aluno de cinco ministros de Salazar (Raul Ventura, Paulo Cunha, João Lumbrales, Marcelo Caetano, Cavaleiro Ferreira), nem assim fui contaminado pelo «complexo do doutoramento nacional», que, segundo Mário Crespo, é revelador de «questões de fundo da nossa sociedade».
<br />
<br />Saliento que, na altercação com Teresa Caeiro, ela não me tratou apenas por «senhor» – estilo «o senhor diz», «o senhor faz», «o senhor acontece», no tom coloquial por vezes adoptado nos frente-a-frente. Não. Ela tratou-me por «senhor Alfredo», e não simplesmente por «Alfredo Barroso», como sempre fizera em meia dúzia de debates anteriores.
<br />
<br />Que a intenção dela era «um insulto realmente duro para tentar humilhar um oponente», é o próprio Mário Crespo quem o afirma. Por isso me espanta que ele ache «espantoso» ter eu reagido ao insulto. Nem se lembra dos outros insultos que ela me dirigiu. Mas Teresa Caeiro é reincidente. Também Fernando Rosas teve de a meter na ordem, noutro frente-a-frente, por ela estar a ser «impertinente, ignorante e incompetente».
<br />
<br />Nunca exijo que me tratem por <span style="font-style: italic;">dr. </span>mas apenas que me tratem com respeito. Não serei tão «saudavelmente moderno e desempoeirado» como o Super-Álvaro, mas não sou tão reaccionário e extravagante como o «génio de Vancouver». Li um livro dele para tentar perceber em que terra é que assenta os pés. Duvido que seja em Portugal!
<br />
<br />Admiro a cultura anglo-saxónica, mas não consigo ludibriar o meu código genético (nasci em Roma, filho de uma italiana de Treviso e de um português de Portimão). Não troco a cultura latina pela cultura anglo-saxónica. Sei de virtudes e defeitos de cada uma delas, admiro ambas, não desprezo nenhuma. Mas o <span style="font-style: italic;">WASP (White Anglo-Saxon Protestant) </span>não me fascina. Faz-me lembrar que, em matéria de preconceitos sociais e racismo, as sociedades inglesa e americana são bem piores do que as europeias.
<br />
<br />Pergunto: alguém imagina o PM britânico, David Cameron, a dizer ao seu motorista oficial: «Trate-me por David»?! E alguém imagina Mário Crespo a tratar o ministro da Economia por «senhor Álvaro» ou mesmo só «Álvaro»?! Por exemplo: «Ó Álvaro, você não acha que a sua proposta de baixar a Taxa Social Única entre 10 % e 20 % é um insulto aos trabalhadores e aos desempregados?!». Ou então: «O senhor Álvaro não acha que o aumento brutal dos preços dos transportes públicos é um insulto aos trabalhadores que vivem nos subúrbios e ganham salários de miséria?!».
<br />
<br />Para rematar. Quando morava no Restelo, comprava jornais num quiosque frente aos pastéis de Belém. O dono, homem simpático e malicioso, tratava-me por «senhor engenheiro». Um dia decidi esclarecê-lo. Ele saudou-me: «Bom dia, senhor engenheiro!». Eu pedi-lhe: «Trate-me só por senhor, ou então por doutor. Eu não sou engenheiro». Ele respondeu: «Fique descansado, senhor engenheiro»! E foi deste modo que não consegui resolver «uma das questões de fundo da nossa sociedade»…
<br />
<br /></div>«Expresso» de 20 Ago 11Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-63815885612329521872011-07-31T11:29:00.004+01:002011-07-31T12:31:29.094+01:00SUPER-ÁLVARO E AS DOSES DE CAVAL(L)O<!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:donotoptimizeforbrowser/> </w:WordDocument> </xml><![endif]--> <div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p class="MsoNormal" style="text-indent: 1pt; text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span style="font-family:"Arial Narrow";mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT">Ficámos a saber</span></b><span style="font-family:"Arial Narrow"; mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT">, através de jornais, que o actual ministro das Finanças, Vítor Gaspar, é um adepto da «desinflação competitiva» e um defensor da «austeridade orçamental», e que o economista que mais admira é Milton Friedman, precursor da «escola de Chicago» e mentor dos <i style="mso-bidi-font-style: normal">Chicago boys,</i> que aproveitaram o Chile como laboratório, durante a ditadura militar de Pinochet, para aplicarem o seu modelo económico neoliberal, ou ultraliberal (tanto faz).<span style="mso-tab-count:1"> </span></span><b style=""><span style="Arial Narrow";font-family:";" lang="PT"><br /></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-indent: 1pt; text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span style="font-family:"Arial Narrow";mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT">Mas não ficámos a saber</span></b><span style="font-family:"Arial Narrow"; mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT">, através de jornais, que o actual super-ministro da Economia, Emprego, Obras Públicas, Transportes e Comunicações (ufa!), Álvaro Santos Pereira, é adepto de Domingo Felipe Cavallo, economista e político argentino que cometeu a proeza de conseguir ser, sucessivamente, presidente do Banco Central da Argentina durante a sangrenta ditadura dos generais («mandato» de Jorge Videla), depois ministro da Economia do Presidente peronista Carlos Menem (perdão aos generais da ditadura, venda ilegal de armas, «Plano Cavallo» com efeitos desastrosos para o país), e, finalmente, ministro da Economia do Presidente radical de centro-esquerda Fernando de la Rua (revoltas populares contra as medidas de Cavallo, que o levaram à demissão, à declaração do estado de sítio e à renúncia do Presidente).</span><b style="mso-bidi-font-weight:normal"><span style="font-family:"Arial Narrow"; mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT"><br /></span></b></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p class="MsoNormal" style="text-indent: 1pt; text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span style="font-family:"Arial Narrow";mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT">Durante as décadas de 1980 e 1990</span></b><span style="font-family:"Arial Narrow";mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT">, a Argentina foi a menina dos olhos do FMI, que considerava o governo de Buenos Aires o seu «melhor aluno», e Domingo Cavallo um discípulo dilecto do <i style="mso-bidi-font-style: normal">Consenso de Washington</i> (mais ainda que os generais neoliberais da ditadura militar). A aplicação da receita («Plano Cavallo») foi brutal: despedimentos em massa; privatização a toque de caixa dos serviços de utilidade pública, designadamente, correios, gás, electricidade, água, telefones e companhias petrolíferas (40 mil milhões de dólares encaixados pelo Estado evaporar-se-iam na paisagem); (neo)liberalização intensiva da economia e do comércio externo; restrições brutais aos levantamentos bancários e congelamento de fundos (o famoso <i style="mso-bidi-font-style: normal">corralito</i>), medida só decretada depois de os especuladores nacionais e internacionais terem conseguido colocar no estrangeiro cerca de 15 mil milhões de dólares; subida das taxas de juro; adopção do sistema de paridade fixa entre o dólar e o peso (que deu cabo das exportações); <i style="mso-bidi-font-style:normal">lei do défice zero</i> (decretada ao abrigo de poderes especiais); diminuição em 13 % dos salários da função pública e das pensões de aposentação; cortes brutais nas despesas públicas.</span><b style=""><span style="Arial Narrow";font-family:";" lang="PT"><br /></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-indent: 1pt; text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span style="font-family:"Arial Narrow";mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT">O resultado destas «doses» de Cavallo</span></b><span style="font-family:"Arial Narrow";mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT"> foi desastroso. Desde a ditadura militar (1976-1983) ate à declaração do estado de sítio, em 20 de Dezembro de 2001 (depois de milhares de argentinos invadirem as ruas em manifestações de protesto, com assaltos a supermercados e outros estabelecimentos comerciais, e a repressão a causar 31 mortos e mais de mil feridos): a dívida externa argentina disparou de 7,6 para 132 mil milhões de dólares; o desemprego subiu de 3 para 20 %; os argentinos em situação de pobreza extrema passaram de 200 mil para cinco milhões; os que viviam no limiar da pobreza passaram de um milhão para 14 milhões (isto, num total de 37 milhões de habitantes em 2001); e ascendia a 120 mil milhões de dólares o montante das fortunas colocadas no estrangeiro por políticos, patrões e sindicalistas corruptos.</span><b style="mso-bidi-font-weight:normal"><span style="font-family:"Arial Narrow"; mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT"><br /></span></b></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span style="font-family:"Arial Narrow";mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT">Mas o que é extraordinário</span></b><span style="font-family: "Arial Narrow";mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT">, depois deste balanço catastrófico, é que Domingo Cavallo<span style="mso-spacerun: yes"> </span>tenha publicado, em 2010, de colaboração com Joaquín Cottani, um estudo intitulado <i style="mso-bidi-font-style:normal">«Making fiscal consolidation work in Greece, Portugal, and Spain: Some lessons from Argentina»</i>. Não, não está enganado, caro leitor: são lições dirigidas aos «países europeus em dificuldades e com um alto nível de endividamento», como sublinha o nosso super-Álvaro, no livro que publicou em Abril passado: <i style="mso-bidi-font-style:normal">«Portugal na hora da verdade – como vencer a crise nacional» </i>(Gradiva). Parece que Domingo Cavallo é um «reputadíssimo» teórico e professor de Economia. Quanto a Joaquin Cottani, economista-chefe para a América Latina do <i style="mso-bidi-font-style:normal">Citi</i>, foi subsecretário de Estado de Política Macroeconómica, subsecretário de Estado das Finanças e representante financeiro da Argentina em Washington, nos anos 1990, antes de ser contratado como economista-chefe para a América Latina do <i style="mso-bidi-font-style:normal">Lehman Brothers</i> (também leu bem!) entre 1998 e 2003. Face a estes dois admiráveis currículos, só poderemos concluir que tudo recomenda Domingo Cavallo e Joaquín Cottani como especialistas aptos a dar conselhos aos países «à rasca» da União Europeia.</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span style="font-family:"Arial Narrow";mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT"><br /></span></b></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span style="font-family:"Arial Narrow";mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT">Se também assim pensou, melhor o fez </span></b><span style="font-family:"Arial Narrow";mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT">o nosso ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, que cita abundantemente Cavallo e Cottani, para defender uma redução substancial das «contribuições fiscais e sociais afectas ao factor trabalho em contrapartida de um aumento dos impostos sobre o consumo e/ou da criação de um imposto verde (um imposto sobre as emissões de carbono)». Como diz Álvaro Santos Pereira, «Cavallo e Cottani defendem que seria possível reduzir entre 10 e 20 pontos percentuais as contribuições sociais, através do aumento da taxa geral do IVA em 2 ou 3%, ou através de uma harmonização das diversas taxas do IVA». Sucede que, por cá, «a taxa geral do IVA é de 23 %, mas a taxa reduzida é de 13 %, e a taxa super- reduzida é de 6 %». Ora, prossegue o nosso Super-Álvaro, «de acordo com Cavallo e Cottani, as perdas de receitas fiscais associadas à inexistência de uma taxa de IVA uniforme são muito substanciais». Em suma, para o nosso ministro da Economia faz todo o sentido «a substituição das taxas sobre o trabalho (como a taxa social única) pelo IVA (…), pois penaliza o consumo e estimula a poupança, que nos últimos anos tem baixado para níveis pouco salutares». Entre os 10 e os 20 pontos percentuais de que falam Cavallo e Cottani, Álvaro Santos Pereira opta por uma redução de 15 pontos percentuais da TSU, ou seja, das contribuições do patronato para a Segurança Social, acompanhada de uma correspondente subida do(s) IVA(s)! Não me pronuncio aqui sobre a bondade ou maldade desta medida preconizada pelo economista e ministro. Limito-me a oferecer o merecimento dos abundantes autos relativos a Cavallo e Cottani.</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span style="font-family:"Arial Narrow";mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT"><br /></span></b></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span style="font-family:"Arial Narrow";mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT">Confesso que foi um eufórico e laudatório</span></b><span style="font-family:"Arial Narrow";mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT"> ensaio de Henrique Raposo, publicado no EXPRESSO/Economia em 2 de Julho de 2011, com o melodioso título <i style="mso-bidi-font-style:normal">«Uma nova narrativa para Portugal»</i>, que me fez mergulhar na leitura do recém-publicado livro de Álvaro Santos Pereira que já referi. Raposo exprime uma grande exaltação patriótica pelo facto de ASP ser contra «a obsessão fontista que eleva o Estado a motor da economia, a obsessão de viciar a sociedade nas obras públicas» (estaria a pensar em Cavaco Silva?), e também pelo facto de ASP criticar «a narrativa dos direitos adquiridos, nomeadamente ao nível da lei laboral e da lei das rendas, dois factores de rigidez que dificultam a actividade económica» (de facto, a malta que trabalha é um enorme empecilho!). Mas Raposo não se dá conta de que, mais adiante, entra em manifesta contradição com esse desprezo pelos «direitos adquiridos» quando afirma que, «sem um Leviatã forte no campo da lei, não há economia que funcione». E também quando sustenta que é precisa «uma forte argamassa moral entre cidadãos e entre cidadãos e políticos». Acontece.</span><b style=""><span style="Arial Narrow";font-family:";" lang="PT"><br /></span></b></p><p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span style="font-family:"Arial Narrow";mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT">Henrique Raposo cita alguns clássicos</span></b><span style="font-family:"Arial Narrow";mso-bidi-font-family:Arial;" lang="PT">, cujas lições terão sido aprendidas pelo nosso Super-Álvaro: «Adam Smith, Hume, Burke, John Adams, Lincoln, Tocqueville (i. e., o esquadrão de liberais à moda antiga)». Mas não reparou (ou não quis reparar) que ASP também aprendeu muito com Domingo Cavallo, que não é propriamente um «liberal à moda antiga», e cujas lições invoca para defender uma diminuição brutal da taxa social única. Além disso, Raposo não terá reparado que ASP também é adepto do «défice zero» (até 2016), tal como Cavallo era adepto do «défice zero», que decretou em Julho de 2001, ao abrigo de poderes especiais, numa Argentina à beira da bancarrota e da declaração do estado sítio, que ele contribuiu para provocar. </span></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"><span style="font-weight: bold;">Verdade se diga que o nosso Super-Álvaro </span>também é defensor - e ninguém fala disso - de «uma eventual reestruturação da nossa dívida externa». Diz mesmo que «o nosso nível de endividamento é de tal modo elevado e os nossos desequilíbrios externos são tão preocupantes, que é difícil equacionar um cenário em que tal não aconteça». E acrescenta, logo a seguir, que «esta reestruturação abrangeria não só um reescalonamento da dívida pública nacional (…), mas também uma diminuição do valor da dívida (os chamados <span style="font-style: italic;">haircuts </span>da dívida)». Não sei se, como ministro, ASP manterá o que escreveu como economista. Mas sei que, agora que estão na moda as «narrativas», é bom que elas sejam tão rigorosas e completas quanto possível.</div>.<br />Publicado no «EXPRESSO/Economia» de 30 de Julho de 2011Alfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-133853965197781952.post-64716577042841744632011-07-23T19:29:00.001+01:002011-07-23T19:32:03.525+01:00ALERTA, VEM AÍ TSU(NAMI)!<!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:donotoptimizeforbrowser/> </w:WordDocument> </xml><![endif]--> <p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><span style="mso-bidi-font-weight: bold" lang="PT">Por Ludovico Agrícola<span style="font-size:78%;"> (*)</span><br /></span></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><span lang="PT"><span style="font-weight: bold;">MISSÃO INGRATA,</span> a que espera Pedro e Paulo, o vosso dueto da corda! Sem ofensa para ninguém (apressou-se a acrescentar BMW, que não domina completamente esta língua tão traiçoeira). É que, executar de cabo a rabo, e de supetão, as 291 medidas do memorando da <i style="mso-bidi-font-style:normal">troika</i>, só pondo o país de borco. É verdade que ele já mal se aguenta em pé, mas, ainda assim, digo-lhe que é missão impossível. Olhe a Grécia!</span></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><span lang="PT">Talvez (respondi). Mas eu não espero que, a meio do caminho, suceda a Pedro Passos Coelho o mesmo que a Durão Barroso em 2004: ser convidado para presidir à Comissão Europeia, depois de a coligação «Força Portugal» (PPD-CDS) ter sido sovada pelo PS nas eleições europeias. Lá ficaria Paulo Portas com Miguel Relvas nos braços, depois de ter aguentado, há sete anos, com o peso do «menino guerreiro»!</span></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><span lang="PT">Por mais resistência e resiliência que revelem os vossos novos heróis (insistiu BMW), não vai ser nada bonito ver o povo a penar, açoitado por despedimentos mais fáceis, mais desemprego, menos segurança social, subida de preços dos bens essenciais, juros mais altos, aumento do IVA, mais dívidas, mais pobreza, privatizações <i style="mso-bidi-font-style:normal">à la carte</i>, desmantelamento de mais serviços do Estado… E por aí fora. Já viu bem?!</span></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><span lang="PT">E digo-lhe mais, Ludovico: a redução da TSU (Taxa Social Única), tão afagada por Catroga e outros gestores e empresários, é apenas o símbolo do <i style="mso-bidi-font-style: normal">tsunami</i> ultraliberal que vai arrasar a sociedade portuguesa. Sempre que oiço falar em «coragem para tomar medidas», já sei que são medidas para sacrificar os que menos têm. Regra geral, os que falam dessa «coragem» são os que sabem que nunca serão incomodados.</span></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><span lang="PT">O dr. Bretton Woods tem muita experiência, mas é homem de pouca fé! Eu, por exemplo, tenho fé no que disse há poucos dias ao DN o pai do futuro PM: «O meu filho vai manter o Serviço Nacional de Saúde o mais lato possível»! Acha que o filho terá lata para desmentir o pai?! Também os professores devem estar felizes e despreocupados, já que o PPD foi, com o PCP e o BE, um dos paladinos dos ‘<i style="mso-bidi-font-style:normal">setôres’</i> e ‘<i style="mso-bidi-font-style: normal">setôras’</i> durante as greves e manifestações contra as duas ministras da Educação de Sócrates!</span></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><span lang="PT">Além disso, caro dr. Bretton Woods, temos neste país uma indústria da caridade alimentar que deve ser das mais eficazes do mundo. Digo «caridade», por respeito pela vedeta mediática que dirige o banco alimentar contra a fome, que declarou não apreciar muito o termo «solidariedade». Ela é católica e acha que a solidariedade tem mais a ver com «o Estado Social», que «é algo que devia existir como garantia mas que devia estar reduzido ao mínimo possível». Menos Estado, mais caridade. Está a ver?! </span></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p><div style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);"> </div><p style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 255);" class="MsoNormal"><span lang="PT">Confio muito (rematei eu) no triângulo institucional Cavaco-Nobre-Passos, que irá presidir aos destinos da pátria e da república! O sonho de Sá Carneiro (uma maioria, um governo, um presidente) não poderia ter encontrado tradução mais genuína. Acha que uma <i style="mso-bidi-font-style:normal">troika</i> assim poderá alguma vez transformar-se num triângulo das Bermudas? Que venha a outra <i style="mso-bidi-font-style:normal">troika</i> avaliar-nos. Nós cá estaremos. De mão estendida.</span></p>«Expresso» de 10/Junho/2011<br />.<br />(*) Ludovico Agrícola é um pseudónimo de Alfredo BarrosoAlfredo Barrosohttp://www.blogger.com/profile/13205254467205543374noreply@blogger.com1