quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Impasse Político

O PS VIVE EMPAREDADO entre uma direita medíocre e populista - incarnada por um PSD constantemente à deriva e um CDS seráfico e oportunista - e uma extrema-esquerda dogmática e adepta do quanto pior melhor - representada por um BE sobretudo trotskista e por um PCP inequivocamente estalinista.

Além disso, o PS tem problemas de identidade. Fascinado pela terceira via de Blair e Schroeder, tornou-se, com Guterres, um partido da esquerda neoliberal. Mas a crise económica e financeira mundial caiu-lhe em cima com brutalidade, pondo a nu o fiasco do neoliberalismo e da terceira via. Redescobriu, então, a excelência dos valores e princípios da social-democracia, no combate à crise. Mas o PS ainda está no limbo, sem uma política de alianças que lhe permita romper o cerco: ou se alia a um partido da direita, ou lhe puxam o tapete à esquerda, e cai sozinho.

O impasse político português é tão simples e tão grave quanto isto: os partidos estão a demonstrar que, ao invés do que diziam, é impossível governar em minoria com estabilidade. Cavaco exulta. O cenário é propício ao regresso da direita ao poder com a sua ajuda, se for reeleito. Regresso que será inevitável se o PS não conseguir dividir a direita ou persuadir a extrema-esquerda a mudar de atitude.

FOCUS de 10 de Fevereiro de 2010