domingo, 30 de novembro de 2008

Perguntas assassinas

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UM DIA DESTES as pessoas não aguentam mais. Tantos sacrifícios infligidos àqueles que pouco ou nada têm – a esmagadora maioria – são insuportáveis. E tanto zelo a proteger os que tudo têm – a escandalosa minoria – é intolerável. Qualquer dia vai tudo raso!
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Os cidadãos anónimos começarão a fazer – em público e em coro – perguntas assassinas a um governo de maioria absoluta, que de socialista só tem o nome, e que, na prática, só protege os senhores do dinheiro, sacrificando os que apenas vivem do seu trabalho.
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Poderão dizer que é demagogia, mas faz todo o sentido perguntar porque é que seria tão prejudicial para a imagem deste país deixar falir o BPP, um minúsculo e ridículo banco que apenas gere fortunas dos muito ricos – especulando sem freio na bolsa – e já não é prejudicial para essa imagem deixar que fechem as portas dezenas de empresas que nem sequer faliram – algumas fecham tão-só para reduzir os custos das multinacionais – e que, assim, lançam no desemprego e na pobreza vários milhares de trabalhadores?!
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Mais: porque é que o Estado saca do dinheiro dos contribuintes para proteger o BPN, banco de vigaristas de alto coturno afogado em burlas de toda a espécie, como se fosse bom para a imagem do país salvar a face de uma instituição corrupta que tem enchido os bolsos de alguns dos mais indignos representantes do chamado «bloco central»?!
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Há limites de tolerância para tão flagrantes injustiças e tanto escândalo. Será que ainda não perceberam que o «capitalismo de compinchas» é uma vergonha e está a ruir?
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NOTA: Será premiado, com um exemplar deste clássico da literatura policial, o autor do melhor comentário que seja feito a esta crónica até às 20h da próxima quinta-feira, dia 4 Dez 08. Dado que, como sempre, o texto será igualmente afixado no Sorumbático, serão tidos em conta, também, os comentários que lá forem feitos.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Manuela a estrebuchar no vazio

A DOUTORA MANUELA FERREIRA LEITE continua a estrebuchar no vazio de ideias políticas, ideológicas e programáticas que a caracteriza. Nem sequer tem a decência de fazer jus ao nome do partido que ainda dirige – partido social-democrata – e continua a arremeter cegamente contra tudo o que é investimento público, mais do que nunca indispensável para relançar o emprego e reanimar a economia tão vergastada pelo combate ao défice.
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O pior cego é aquele que não quer ver. Será que ela ainda não viu que o neoliberalismo foi chão que deu uvas?! A presidente do PSD afoga-se no seu próprio discurso político. Porventura à espera que, das profundezas do seu próprio partido, surja alguém que lhe vibre a última machadada. Se não for ela própria a vibrá-la num desesperado acto de masoquismo político. Não seria a primeira vez que um líder do PSD faria «harakiri»…

Ladram os cães de Pavlov…

HÁ CRÍTICOS cuja insolência e mediocridade não merecem resposta. Mas ficaria de mal com a minha consciência se não afirmasse que só um imbecil é capaz de proclamar que não leu, ou leu mal, um texto que se atreve a criticar com um palavreado idiota.
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Diga-se igualmente que não é só nas fileiras da esquerda totalitária que deparamos com reflexos políticos condicionados. Nas hostes da direita mais reaccionária e mais estúpida do mundo, os cães de Pavlov também salivam e ladram quando ouvem tocar a sineta da livre crítica, se esta se dirige aos seus ícones favoritos ou aos seus egrégios avós.
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Não respondo a insultos e ofensas pessoais. São filhos da falta de argumentos de quem os profere. Mas sempre direi a essas criaturas que a teoria da conspiração, a mania da perseguição e o complexo do cerco não servem para alterar a verdade dos factos.
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Ora, é um facto que o doutor Dias Loureiro foi um dos colaboradores mais próximos do professor Cavaco Silva, no PSD e no Governo. É um facto que o doutor Dias Loureiro é um dos cinco conselheiros de Estado designados pelo actual Presidente da República. É um facto que o doutor Dias Loureiro tem andado a fazer em público uma triste figura. É um facto que a triste figura que ele anda a fazer incomoda muito o Chefe do Estado.
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Isto são factos do domínio público, e não insinuações urdidas por conspiradores que só querem o mal da Pátria, da República e do professor Cavaco Silva. O Chefe do Estado não pode ser julgado pelos amigos que tem, mas tem a obrigação de os pôr na ordem e demarcar-se deles quando fazem em público tristes figuras. Sejam eles o doutor Alberto João Jardim, presidente do Governo Regional da Madeira e líder do PSD na Região, ou o doutor Manuel Dias Loureiro, conselheiro de Estado e ex-secretário-geral do PSD.
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Em democracia, ninguém está acima de qualquer crítica ou de qualquer suspeita. Nem mesmo o Chefe do Estado, seja ele quem for. O professor Cavaco não é uma flor de estufa. E o doutor Dias Loureiro não é flor que se cheire. Bem podem os seus apoiantes mais caninos desfazer-se em insultos. Os cães de Pavlov ladram e a caravana passa.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Resíduos tóxicos do cavaquismo

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O CAVAQUISMO EXISTIU, durante dez anos (1985-1995), e alguns dos seus resíduos mais tóxicos ainda hoje infectam a paisagem política portuguesa. Para quem já se esquecera dos escândalos que então rebentavam semanalmente nas primeiras páginas dos jornais, aí estão mais alguns exemplos edificantes que ajudam a refrescar a memória.
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Sempre pensei que o cavaquismo era assim uma espécie de salazarismo democrático, em que o seu mentor era um poço de virtudes morais, o seu aparelho político um saco de gatos e boa parte dos seus apoiantes mais firmes e mais ilustres uma cambada de oportunistas e arrivistas em busca de sucesso material rápido e a qualquer preço.
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A rigidez autoritária do poço de virtudes morais sufocou o espírito crítico e deu asas ao negocismo infrene como emblema de progresso, afinal efémero e ilusório. A verdade é que o «monstro» nasceu e começou a alimentar-se no seio do cavaquismo e que a «má moeda» prosperou no interior das suas hostes. A memória do povo é que é curta.
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Os resíduos tóxicos do cavaquismo perduram. E contaminam todo o «bloco central». Os interesses sobrepuseram-se às ideias e aos programas abrindo a via ao pragmatismo sem princípios e à política sem alma. Nos dois pólos do «bloco central», Belém e São Bento, vicejam os eucaliptos que criam o deserto à sua volta. Por isso não espanta que Manuel Dias Loureiro e Jorge Coelho sejam uma espécie de expoentes do sucesso da coisa.
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NOTA: Esta e outras crónicas do autor estão também no blogue Sorumbático.

domingo, 23 de novembro de 2008

«Berlusconis» lusitanos

SE AS VERDADES POLÍTICAS são como as carecas, então poderá dizer-se que alguns barões predadores da democracia portuguesa estão a ficar com as suas fortunas ao léu.
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Como é que eles conseguiram acumular tão rapidamente pés-de-meia tão grandes, se não à custa dos seus contactos políticos e de um escandaloso tráfico de influências?!
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Guardadas as devidas proporções, seguiram o exemplo de Berlusconi, o barão predador italiano que singrou na politiquice e nas negociatas graças à extraordinária habilidade de vendedor de carros em segunda mão e ao charme de cançonetista de cruzeiro estival.
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Como explicou há um século o grande economista americano Thorstein Veblen, estes barões predadores constituem uma «classe ociosa» que não hesita perante a mentira, a fraude, a falsificação, a manipulação e a corrupção, para acumular lucros especulativos e riquezas improdutivas. A sua divisa é o lema de Ivan Boesky, um dos mais célebres vigaristas a singrar em Wall Street: «Greed is good» («A ganância é uma coisa boa»)!
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O problema é que, como diz o escritor italiano Andrea Camilleri, Berlusconi «limita-se a interpretar perfeitamente o mau humor e o mal-estar das pessoas» e a convencê-las de que, qualquer dia, também podem vir a ser como ele. Em suma, parafraseando Veblen, o que as pessoas desejam é imitar os «Berlusconis» de trazer por casa, numa irresistível atracção pelo exibicionismo, o narcisismo e a afectação típicos da «classe ociosa».
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Ainda há dias vimos um Berlusconi lusitano a tentar justificar em público a sua fortuna, com a arrogância, a displicência e o sentimento de impunidade típicos de um arrivista. Não hesitou em contradizer-se e em mentir. Só lhe faltou cantar o «Only You»!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

MFL e a "graça pesada'’

Diz-se agora que a inefável presidente do PSD quis ser irónica. E eu, cheio de boa vontade, acredito. Mas a verdade é que Manuela Ferreira Leite não tem jeito nenhum para ironias e acabou por fazer aquilo a que se chama ‘graça pesada’, isto é, uma ‘graçola’ que quase toda a gente leva a sério e que tem, por isso mesmo, pesadas consequências – políticas, neste caso. Convém saber que, inclusivamente, no Direito Penal, a ‘graça pesada’ pode ser severamente sancionada se der origem a um crime contra a propriedade ou contra pessoas. Em suma: pobre senhora, que não tem mesmo jeito nenhum para a política!

…e não se pode exterminá-los?

COMO SE JÁ NÃO BASTASSE o portuguesíssimo doutor Durão Barroso ser apontado a dedo como um presidente da Comissão Europeia «incompetente, inócuo e subserviente», vem agora o «Financial Times» proclamar que o portuguesíssimo doutor Fernando Teixeira dos Santos é o pior ministro das Finanças entre 19 países da União Europeia, com uma péssima «performance» política e um mau desempenho ao nível macroeconómico.
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Como não há duas desgraças sem três, a lusitaníssima doutora Manuela Ferreira Leite, inefável presidente do PSD, achou por bem confessar em público que «não acredita em reformas quando se está em democracia», acrescentando, para que não subsista qualquer dúvida: «E até nem sei se a certa altura não seria bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia». Assim, sem pestanejar!

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Tanta desgraça e tanto disparate juntos, que nem o patriotismo mais pacóvio pode iludir, seriam motivo para rir se não fosse a vontade de chorar. Infelizmente, no ambiente geral de mediocridade que caracteriza a classe política dominante, ninguém se atreve a propor a remoção daquelas três criaturas dos altos cargos políticos que tão mal desempenham. Caso para perguntar, parafraseando Karl Valentin: «…E não se pode exterminá-los?».

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Durão não desgruda

MÁS NOTÍCIAS para o futuro da União Europeia: os partidos de direita integrados no PPE (Partido Popular Europeu) ameaçam reconduzir José Manuel Durão Barroso no cargo de presidente da Comissão Europeia. Porventura com a honrosa excepção de Ângela Merkel, quase todos os dirigentes da direita europeia acham, como no velho e famoso anúncio da prevenção rodoviária, que «connosco o miúdo vai sempre atrás».
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Infelizmente para o patriotismo bacoco dos «tugas» que nos governam, entre os quais se inclui o primeiro-ministro «socialista mas pouco» José Sócrates, a recondução de Durão Barroso será mais um sintoma de degradação e um sinal de decadência da UE. Ele é um símbolo vivo do pragmatismo sem princípios, sem ideias e sem ideais, que caracteriza esta geração de políticos europeus no poder. E é um dos exemplos mais flagrantes do oportunismo, da mediocridade e da incompetência na condução dos negócios públicos, tanto a nível interno (foi mau primeiro-ministro) como a nível supranacional.
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Não são poucas as vozes que criticam o presidente da Comissão Europeia pela «falta de liderança, timidez e incompetência» na gestão desta grave crise económica e financeira. «O presidente incompetente da CE», como lhe chama sem pestanejar Joschcka Fischer, anseia por que lhe renovem o mandato graças à «inocuidade» e à «subserviência» que demonstra em relação aos seus «patrões» políticos. Para tanto, não hesitou em assumir o papel de «chevalier servant» de Nicholas Sarkozy, durante a presidência francesa ainda em curso, revelando total «inaptidão» para dar voz própria à Comissão Europeia.
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É bom não esquecer que foram precisamente estas razões que levaram a direita europeia a escolhê-lo para o cargo, há cinco anos, porque não havia mais ninguém que aceitasse tal papel. E foi escolhido, note-se, depois de ter sofrido, em Portugal, uma esmagadora derrota nas eleições europeias (contra Ferro Rodrigues, sublinhe-se). Aproveitou, então, para se pôr ao fresco, dando o dito por não-dito. É hoje o único sobrevivente político da ignominiosa cimeira dos Açores, que ratificou a invasão do Iraque. Tony Blair e Aznar foram à vida (e que rica vida!). Bush júnior já está com os «patins». Só o nosso inefável Durão não desgruda. Está agarrado ao tacho como lapa à rocha. Uma vergonha!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Paranóias políticas

SE OBSERVARMOS COM ATENÇÃO certos políticos que exercem o poder, verificamos que eles têm uma tendência patológica para sobrevalorizar as suas próprias qualidades, tendência essa que se traduz na mania das grandezas e numa ambição pessoal desmedida.
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A megalomania – assim se designa tal tendência – conduz, regra geral, à interpretação errónea da realidade em consequência da susceptibilidade aguda do político, que acaba por se traduzir numa desconfiança extrema que pode chegar ao delírio persecutório.
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Verifica-se, em suma, uma concentração patológica do político sobre si próprio, que se caracteriza, ao mesmo tempo, por um subjectivismo delirante e um alheamento do real. Este ensimesmamento, a que se chama autismo, acaba por desviar o político daquilo que o senso comum considera correcto e razoável, e leva-o mesmo a experimentar satisfação na prática de comportamentos estranhos, em que avultam a crueldade e a dissimulação.
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Se quisermos aplicar à actualidade política portuguesa, continental e insular, esta grelha de perturbações mentais – na qual se entrecruzam megalomania, paranóia, autismo e perversidade – facilmente concluiremos que não serão assim tão poucos os políticos lusitanos cujos comportamentos paranóides os situam na antecâmara do manicómio.

domingo, 9 de novembro de 2008

Bafio antidemocrático

O PROBLEMA desta ministra da Educação, para além do óbvio autismo que a imobiliza e a suspende no tempo, é o seu profundo desprezo pelos professores, pelos sindicatos, pelos partidos políticos e pelo debate democrático. Em suma: por todos os que a contestam.
Quem a viu, ontem, nas televisões, a chispar ódio, a vomitar ressentimento e a destilar rancor por todos os poros, percebeu sem dificuldade que há nela algo de salazarento, como que um cheiro a bafio antidemocrático que nos faz recuar várias décadas, até ao tempo da outra senhora, em que prevalecia a ditadura do «quero, posso e mando».
O engº Sócrates que se ponha a pau. A manifesta incompetência política da drª Manuela Ferreira Leite é uma coisa, que pode favorecê-lo eleitoralmente. Outra, bem diferente, é a intolerável prepotência política da drª Maria de Lurdes Rodrigues, que pode estragar-lhe os cálculos eleitorais e, sobretudo, tramar o PS, lançando-o pelas ruas da amargura.
NOTA: Esta e outras crónicas do autor estão também no blogue Sorumbático.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Cavaco dará cavaco?

TÃO EXIGENTE E INFLEXÍVEL em relação às alterações introduzidas no Estatuto da Região Autónoma dos Açores que, segundo ele, alteram os poderes do Presidente da República tal como estão definidos na Constituição, veremos se o actual inquilino do Palácio de Belém dá cavaco a todos aqueles que reclamam a sua intervenção para pôr cobro aos desmandos do PSD madeirense e repor a legalidade democrática e constitucional na Região Autónoma da Madeira.
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Ninguém duvide de que o que está em causa, na Região Autónoma da Madeira, é «o regular funcionamento das instituições democráticas», de que o Presidente da República é o garante, nos termos do artigo 120.º da Constituição. Sendo certo que a necessidade de garantir o regular funcionamento da Assembleia Legislativa Regional da Madeira pode implicar a sua dissolução pelo Presidente da República.
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Tão afoito e desenvolto no caso do Estatuto dos Açores (em que lhe assiste, sem dúvida, alguma razão), veremos se o Presidente da República quebra a sua proverbial timidez sempre que é confrontado com os desmandos antidemocráticos praticados pelo King Kong do Funchal e pelo exército de símios que o macaqueiam.
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São raros, num mandato presidencial, os momentos críticos que põem verdadeiramente à prova o titular do cargo, testando a sua firmeza, a sua imparcialidade e a sua coragem políticas. Este caso da Madeira é um deles. Veremos como o Presidente da República se comporta. Dar ou não dar cavaco, eis a questão…

terça-feira, 4 de novembro de 2008

FILHOS DO «BLOCO CENTRAL»…

FORAM AMBOS, NOS RESPECTIVOS PARTIDOS, responsáveis pela organização, com o controlo total dos aparelhos partidários – e quem conhece bem esses partidos por dentro sabe o que é que isso significa, em termos de poder e influência, a todos os níveis…
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Foram ambos ministros. Um deles, terá mesmo chegado a telefonar à progenitora para lhe anunciar: «Mãe, sou ministro!». O outro, foi a um programa de humor bastante duvidoso fazer uma figura ridícula, desfigurando a bela canção «Only you»…
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Ambos fizeram das suas carreiras político-partidárias e dos seus cargos governamentais os trampolins de onde saltaram para o sector privado das empresas e dos negócios…
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Um, enriqueceu rapidamente e chegou a estar ligado, entre outros negócios e empresas, a um banco que está agora à beira da falência e em vias de ser nacionalizado…
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O outro, é administrador executivo (CEO) do maior potentado português da construção civil e obras públicas, proprietário da empresa que detém a «concessão» do terminal de carga do porto de Lisboa, em «boa hora» renovada por muitos anos e bons…
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São almas gémeas, filhos queridos do «bloco central» de interesses que nos governa. Um, pontificou no PSD e não se lhe conhecem outros antecedentes políticos. O outro, no PS, onde caiu de pára-quedas depois de passar pela UDP e por Macau. Bons rapazes, inteligências fulgurantes, golpes de vista geniais – e a fortuna sorriu-lhes…
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O «fim das ideologias» é com eles! As suas carreiras edificantes são exemplos para uma juventude que ambicione enveredar pela política – no PSD ou no PS, tanto faz! – para, a seguir, dar o salto para o mundo do negocismo infrene e do enriquecimento fácil…
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Não será difícil adivinhar o lema que os guiou: «Loureiro & Coelho, a mesma luta!»…

sábado, 1 de novembro de 2008

SÓCRATES E A BANHA DA COBRA


Por Alfredo Barroso
SINTO-ME ENVERGONHADO ao ver o primeiro-ministro do meu país a desempenhar o papel de vendedor de banha da cobra numa cimeira de chefes de Estado e de Governo. De cada vez que a cena passa na televisão, sinto vontade de me enfiar num buraco. A cena revela falta de sentido de Estado, falta de bom senso e falta de vergonha.
Não é verdade que – como ele diz – o computador «Magalhães» seja um produto genuinamente português e, ainda menos, ibero-americano. Mas, mesmo que o fosse, um mínimo de pudor deveria ter impedido o primeiro-ministro de vestir a pele de um vulgar promotor de vendas de um produto comercial que está bem longe da excelência.
Para o engenheiro José Sócrates, a ausência de oposição à altura e de alternativa credível, em Portugal, convenceu-o de que tudo lhe é permitido aquém e além-mar – por cá, na Europa e na América Latina – sem medo de que o ridículo dê cabo dele.
De facto, não há situação mais lamentável do que aquela em que se encontra o PSD. Num país de comentadores «politicamente correctos», ainda não apareceu quem tenha coragem de apontar a dedo as medíocres prestações políticas da doutora Manuela Ferreira Leite, fazendo como o miúdo daquela velha história d’ «O Rei vai nu».
No fundo, o engenheiro Sócrates é como o computador «Magalhães»: está longe da excelência e não é genuíno, mas podem atirá-lo ao chão que ele nunca se parte.
NOTA: Esta e outras crónicas do autor estão também no seu blogue Traço Grosso.